Por adriano.araujo

Rio - Um crime bárbaro ocorrido na madrugada desta sexta-feira chocou a população de São Gonçalo. O advogado Wagner da Silva Salgado, de 47 anos; a mulher dele, Soraya Gonçalves de Rezende, 37, e a filha do casal, Geovanna Rezende, que completaria 10 anos em abril, foram executados a tiros enquanto dormiam dentro de casa, no bairro Barro Vermelho. 

Segundo o delegado Fabio Barucke, titular da Divisão de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG), há indícios de que o crime teria sido motivado por uma briga por herança.

Soraya era filha adotiva de Yone Rezende e há 16 anos brigava na Justiça com a irmã, Simone. A DH passou a tarde de ontem ouvindo Simone e Fabio Lourenço Vieira de Souza, amigo íntimo do casal e padrinho de Geovanna. Wagner era o único filho de Telma Salgado, que não quis dar entrevista. Amiga da família há mais de 40 anos, Kelfany Castro diz que Telma não tem irmão e seus pais já faleceram.

Família inteira foi executada a tiros dentro de casa em São Gonçalo Reprodução Facebook

“Meu filho é amigo dele (Wagner) desde a infância. Ele sempre foi um rapaz tranquilo. A mãe mora sozinha e está muito abalada, não sei como vai ser para ela daqui pra frente. Essa vai ser uma noite difícil para todos nós”, disse Kelfany, que acompanhava Telma no IML de São Gonçalo.

Amigos contam que um vizinho ouviu o barulho dos tiros e chamou a polícia, que chegou ao local por volta das 5h e isolou a área para a chegada da perícia da Polícia Civil. Wagner chegou a ser socorrido no Hospital Alberto Torres, no Colubandê, mas não resistiu. Ele era presidente da Comissão de Eventos e Convênios da subseção da OAB de São Gonçalo.

Em nota a presidência da OAB-RJ pediu à Secretaria Estadual de Segurança rapidez nas investigações. “Acabo de receber a estarrecedora notícia do assassinato do diretor da subseção de São Gonçalo e sua família. Já estou em contato com o secretário para pedir atenção total na investigação do crime bárbaro. (...) Não vamos descansar enquanto esse crime não for esclarecido”, informou o presidente da seccional, Felipe Santa Cruz.

Membro de uma comissão formada pela OAB-RJ para monitorar violências contra os advogados, Leonardo da Luz foi designado para acompanhar o caso. “Toda a advocacia acordou em luto hoje. O Wagner era brilhante na sua atuação. Já existe uma linha de investigação que garante que o assassinato não teve nenhum vínculo com a profissão dele. Existe também uma linha de investigação sobre espólio, onde Soraya, a vítima, seria uma das herdeiras, ou seja, executando o marido e a filha, acabaria a cadeia sucessória”. Leonardo, porém, tem dúvidas em relação a esta suposta motivação.

“Essa é uma linha de inevstigação, mas eu como advogado criminalista há 13 anos, digo que essa prática nós só vemos acontecer, hoje em dia, no interior do Nordeste do Brasil e isso nos deixa surpresos”, disse.

“Ele era advogado cível, nunca quis entrar na área criminal. Não era o que gostava de fazer. A gente não tem nem pista do que pode ter acontecido”, disse o presidente da OAB/São Gonçalo, Eliano Enzo. “Ele era filho único. Não acreditamos que seja alguma coisa envolvendo parentes”.


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