Rio - Além de estar recebendo visitas em massa de animais silvestres como cobras, jacarés, gambás e capivaras — por conta do desequilíbrio ecológico —, o Rio assiste a um fenômeno inédito e preocupante, segundo ambientalistas: a queda de aves de médio e grande portes no litoral fluminense. Só para se ter uma ideia, a ONG SOS Aves e Cia, especializada em resgatar bichos feridos em áreas urbanas, salvou, na última semana, 68 fragatas, biguás, gaivotas, atobás e outros tipos de pássaros, em praias localizadas entre a Capital e Cabo Frio, na Região dos Lagos. Outras 20 dessas mesmas espécies, acabaram não resistindo e morreram.
“São números absurdos. Dez vezes mais que o normal em relação a outras épocas do ano”, diz o ecologista e presidente da instituição, Paulo Maia. Ele explica que diariamente, ao amanhecer, as aves oceânicas vêm das das ilhas para se alimentar de peixes no litoral.
Mas como o calor tem atraído multidões para o mar, assim como mais embarcações e jet skis, os pássaros perdem espaço para pescar seus alimentos. “Aí ficam dando voltas no ar, esperando a melhor chance de mergulhar, mas muitos não conseguem e acabam, desorientados de fome e espacialmente, caindo, desmaiados mesmo”, detalha Paulo Maia. Ele ressalta que lesões graves, como fraturas expostas nas asas, pernas e bicos, são quadros recorrentes encontrados durante os resgates.
O ecologista alerta que a situação tem sido agravada por uma atitude inusitada dos banhistas. “Infelizmente, a maioria das pessoas que presencia a queda das aves, ao invés de colocá-la num lugar fresco e arejado, e acionar entidades especializadas nesse tipo de atendimento, como a nossa, ou até mesmo os bombeiros, ainda sacrificam mais ainda os animais. Fazem isso para terem o prazer insano de tirar selfies com celular ao lado dos pássaros”, lamenta.
Bombeiros fazem resgate
A maior parte das aves resgatadas pela SOS Aves e Cia, que podem chegar a ter dois metros de invergadura de asas, volta à natureza depois de repouso e observação para recuperar o sentido de localização. Neste verão, além de aves oceânicas, a ONG de Paulo Maia já salvou 96 galinhas, galos, bodes e coelhos, colocados como orferendas em encruzilhadas, supostamente por devotos de diversas religiões.
"Na quarta-feira, resgatamos um galo e duas galinhas, uma delas gravemente ferida, num trabalho na porta de um condomínio na Barra da Tijuca”, revela Maia.
Em caso de encontro de animais, a orientação é ligar para o Corpo de Bombeiros (193). Ano passado, o Grupamento de Defesa Ambiental (GDA) da Guarda Municipal foram recolhidos 1.934 bichos em vias públicas.