Rio - Desde outubro ocupando a área no entorno do antigo Museu do Índio, lideranças indígenas da Aldeia Maracanã vão ‘abrir suas portas’ para quem quiser conhecer a rotina de uma aldeia. Amanhã e domingo, a partir das 10h, vão ensinar a cuidar da terra e como plantar, ensinar pintura corporal nos moldes indígenas e noções básicas do tupi, língua mãe dos índios no Brasil. E à noite, por volta das 23h, vão fazer rituais como a dança da chuva. Os índios retornam ao local de onde foram expulsos em 2013.
Korubo, um dos líderes da aldeia, tem 80 anos e veio da Amazônia quando soube da primeira desocupação do antigo museu. “Hoje temos pé de feijão, bananeiras, melancia e milho, além da horta e de plantas medicinais”, diz Korubo. Ele recebe ajuda dos moradores da região e de alunos e professores da Uerj para conseguir, principalmente, água potável.
“Queremos mostrar que o índio ainda existe e que podemos viver do que o cosmo nos dá, temos a água da chuva, o calor do sol e a terra para plantar. Temos direito a essa terra (citando especialmente a área ocupada), é herança de nossos ancestrais, não área pública, como o governo diz. Aqui, vamos reflorestar e devolver o verde. As pessoas passeiam aqui e fazem exercício na rua mas respiram poluição. Fazem mal e pegam doença sem perceber”, ressalta Korubo.
Ciente de que a luta pela garantia legítima do espaço, onde o estado prometeu construir o Centro de Referência da Cultura Indígena, não acabou, Korubo diz que espera a nova gestão estadual, em 2018, para conversar. Ele faz um apelo: “Índio também vota, elegemos deputados, vereadores, prefeito e governador. Fazemos parte da sociedade e por que não nos dão atenção? Durante a campanha dizem: e aí índio, vai apoiar a gente? Vamos respeitar o índio também. Isso é democracia”.
Em nota, o governo diz que busca parceiros para entregar o centro cultural e que a Secretaria de Estado de Cultura será a responsável pela construção quando houver verbas para execução.