Rio - Inconformados com a perda do filho, de apenas 28 anos, Carlos Carena e Mónica Resua cobram Justiça e que sejam presos todos os participantes da morte de Matias Sebastian Carena, após sair da boate Barzin, em Ipanema, na Zona Sul do Rio, no último dia 26. Apesar da dor da perda, eles não guardam rancor.
"Não quero guardar um sentimento ruim em relação ao Brasil, quando fui pra lá fui muito bem recebida e não vou culpar o país por causa de quatro assassinos", disse Mónica cobrando Justiça. "Não gostaria que ficassem livres, tendo uma vida que meu filho não pode ter. Eles podem comer, passear, ter namorada, e meu filho não pode mais".
O pai do jogador de futsal deu o mesmo tom sobre o caso e cobrou a prisão dos suspeitos. "Foram quatro assassinos que massacraram meu filho. Não tem nada a ver com nacionalidade. Gostaria que o mundo fosse menos violento", disse.
Segundo a mãe de Matias, na entrevista que foi ao ar no Fantástico, da TV Globo, o que mais dói foi a forma como ocorreu a morte. "Nós homens somos diferentes dos animais porque podemos raciocinar, conversar. Neste caso, nada disso, uma emboscada e um golpe. E ainda são covardes, eram quatro contra um", desabafou.
Briga por causa de um esbarrão
De acordo com o Fábio Cardoso, titular da Delegacia de Homicídios (DH-Capital), a causa inicial da briga foi um simples esbarrão. "Quando o grupo de argentinos saiu, tava indo embora, eles passaram por parte desse grupo de brasileiros e aí encostaram um no outro. E ali começou a discussão, os brasileiros começaram a ofender, xingar os argentinos que não concordaram, ficaram indignados na verdade. O Matias foi o que mais se indignou com as ofensas que tava sofrendo, as ameaças que tava sofrendo. Mas, em seguida, ele passou a não querer brigar mais", explicou.
A reportagem também mostrou o depoimento de Pedro Henrique Mariano, o PH, preso no último sábado na casa da namorada na Favela da Coréia, em Senador Camará. Nele, o suspeito confirma a briga na saída da boate, alega que os argentinos saíram do local muito alterados, quando começou a discussão com os brasileiros. Entretanto, ele nega ter agredido Matias e que usou a muleta de um amigo, identificado como Léo, apenas para afastá-lo. Entretanto, imagens de câmeras mostram ele batendo no jovem com o acessório.
Na saída, os brasileiros foram atrás de Matias, que era o mais inconformado com a discussão, e o cercaram. Júlio tentou dar um soco no argentino, mas não conseguiu. Em seguida, Toddy acertou o soco que desmaiou Matias. PH ainda chutou o argentino no chão e Thiago Lessa bateu nele com a muleta.
Após o crime, PH disse que pegou com Toddy um táxi até Urca, onde o músico. Decidiram em seguida passar no Hospital Miguel Couto, onde viram os amigos de Matias nervosos. Ainda de acordo com o depoimento, eles chegaram a perguntar para uma senhora o que estava acontecendo, que disse ter havido uma briga e uma pessoa tinha dado entrada no hospital e muito grave. Toddy disse que não ficaria no local e partiu com o táxi. Segundo a investigação, Matias chegou morto ao hospital.
Toddy seguiu para o aeroporto Santos Dumont, de onde partiu para Guarulhos, onde pegou um voo para Madri, na Espanha. Além dele, são procurados Júlio César Oliveira, conhecido como Godinho, de 24 anos, e Thiago de Noroes Lessa Filho, o Kadu, 39 anos.
O Disque-Denúncia oferece recompensa de R$ 1 mil por informações que levem às prisões deles. Eles vão responder por homicídio doloso duplamente qualificado, por motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima. Na sexta-feira, o Ministério Público do do Rio (MPRJ), por meio da 23ª Promotoria de Investigação Penal, denunciou os quatro suspeitos pelo crime.
Matias foi enterrado na sexta-feira na Argentina. No sábado, uma homenagem foi feita por amigos e familiares numa partida de futsal.