Rio - O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, ouviu nesta quarta-feira, 5, o executivo da empresa de carnes JBS Gilberto Tomazoni, arrolado pela defesa do empresário Luiz Alexandre Igayara. Um dos sócios controladores da Frangos Rica, Igayara é acusado de lavar dinheiro do esquema de corrupção liderado pelo ex-governador do Rio Sergio Cabral (PMDB).
As investigações mostraram que Cabral tentou intermediar a compra da Rica pela JBS, em 2014. O negócio já havia sido descartado pela empresa, uma vez que as partes não haviam entrado em consenso quanto ao valor que a Rica valia.
Tomazoni disse que o ex-governador alegou interesse do Estado na transação. O negócio, segundo ele, seria uma forma de ajudar na recuperação financeira da Rica, empresa local que gera empregos e que estava falindo (atualmente encontra-se em recuperação judicial).
"O negócio apresentado para nós seria de interesse do Estado. Como todos os Estados fazem. Há sempre interesse, porque a avicultura é uma atividade que gera nível de emprego grande. (O objetivo de Cabral) foi essa reaproximação e tentar ver se tinha como as empresas fazerem negócio, o que acabou não ocorrendo", declarou Tomazoni.
O executivo disse que o contato de Cabral foi com Joesley Batista, um dos controladores da JBS. "Joesley falou que parecia que a Rica estava em outro momento, que o ex-governador Cabral o procurou e disse que seria importante para o Rio de Janeiro desenvolver a atividade de frango. Assim foi feito. Visitamos a operação dele (Igayara) e novamente o negócio não se mostrou viável."
Em novembro, Igayara foi conduzido coercitivamente a depor no âmbito da operação Calicute da Polícia Federal, cujo alvo principal foi Cabral. Para tentar provar que ele não lavou dinheiro para o ex-governador, a defesa tenta arrolar como testemunha o advogado Thiago Aragão, ex-sócio de Adriana Ancelmo, mulher de Cabral. O juiz Bretas indeferiu a convocação.
JBS responde
Por meio de nota, a JBS informou que a oportunidade de negócio foi mencionada por Joesley Batista ao ex-governador Sergio Cabral, quando este já não ocupava cargo público. Segundo a JBS, Cabral não atuou como agente, intermediário ou corretor, e que o papel do ex-governador foi de sugerir uma empresa de seu estado como oportunidade de aquisição.