Rio - Um fazendeiro da área rural de Valença, no sul do estado, foi condenado a sete anos e meio de prisão em regime fechado por manter 30 trabalhadores em condições análogas à escravidão. De acordo com as investigações do Ministério Público Federal (MPF), Jairo Alves de Barros Filho, de 68 anos, teria aliciado os funcionários em Ibaiti, no Paraná, com proposta de remuneração acima do que era pago na região.
No entanto, quando os trabalhadores chegaram no cafezal tiveram conhecimento de que, além do serviço de colheita, teriam que fazer outras atividades como limpeza e capinagem, sem remuneração para essas atividades.
Segundo o MPF, como os empregados se negarem a realizar o serviço extra, eles não puderam deixar a fazenda até que pagassem o valor de R$ 2.800. O fazendeiro alegou que este foi o valor do transporte entre o Paraná e a fazenda. Jairo ainda teria se recusado a fornecer o transporte de volta alegando que osfuncionários deveriam trabalhar para custear o valor.
Em sua denúncia, o MPF relatou que os trabalhadores chegaram a passar fome. “Os mantimentos fornecidos eram insuficientes, sendo os trabalhadores mantidos em situação de precariedade, alojados em locais que não forneciam condições mínimas de saúde e higiene, além de não lhes ter sido fornecida a possibilidade de retorno à sua cidade de origem".
De acordo com o relatório apresentado pelo ministério, os auditores fiscais do trabalho esclareceram que compareceram à fazenda São Fernando acompanhados da Polícia Federal e realizaram uma vistoria no local e entrevista com os trabalhadores.
Na ocasião, os agentes puderam constatar as condições precárias do local. “Eles estavam em casebres não abastecidos por água potável e com a energia elétrica desligada. Nas instalações em que os trabalhadores ficavam não tinha nenhum tipo de cama, nenhum tipo de higiene, apenas folhas de bananeira no chão. As crianças já estavam com bastante debilidade física, porque já não tinha comida há vários dias”.