Por karilayn.areias

Rio - "A nossa família está sem chão. Não entendemos como isso aconteceu". Foi com essas palavras e desolado que o pai de Ancelmo Alves Júnior — sargento morto na noite desta terça-feira durante uma blitz da operação Lei Seca em Queimados, na Baixada Fluminense — descreveu o sentimento de perder o filho.

Pai do policial morto em frente ao IMLSeverino Silva / Agência O Dia

Ainda sem entender o ocorrido, Ancelmo Alves, de 51 anos, contou como era o filho. "Ele sonhou em ser policial militar. Amava a profissão. Cheguei a pedir pra ele não fazer a prova, mas era o sonho dele. Era evangélico, não andava armado e sempre foi um rapaz muito tranquilo e carinhoso. No domingo, ele foi na minha casa e me contou que o sonho dele era conseguir comprar uma casa. Ele morava de aluguel com a esposa e os dois filhos. A polícia tinha que ter mais cuidado com os profissionais que trabalham nessa operação. Meu filho estava sem colete. Se ele estivesse usando colete, isso não teria acontecido", desabafou ao sair do Instituto Médico Legal (IML) de Nova Iguaçu. 

O sargento Alves, como era conhecido, foi atingido por três tiros disparados por homens armados que estavam dentro de um veículo. Ele foi socorrido e levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da região, mas não resistiu. Outro sargento, conhecido Mendes, também ficou ferido.  Ele foi transferido para o Hospital Central da Polícia Militar (HCPM), no Estácio, e seu estado de saúde é estável.

Mulher do PM é consolada Severino Silva / Agência O Dia

Na ocasião, um bandido morreu. Já o suspeito Mateus Anderson Guimarães, de 18 anos, foi preso e outro conseguiu fugir. Além disso, uma arma foi apreendida com os suspeitos. Essa foi a primeira vez que agentes da Lei Seca foram atingidos.

Alves deixou uma mulher e dois filhos. A esposa, Michele de Lima Lourenço, muito abalada não quis falar com a imprensa. 

Já o primo de Alves, Michel Douglas de Albuquerque, 27 anos, falou sobre a vida do sargento que estava há 15 anos na Polícia Militar. "Ele sempre foi um cara do bem, muito ligado a família. Frequentava a igreja e não andava armado. Era um sujeito muito querido por todos, não tinha inimigos. Ele nunca trabalhou na rua fazendo operações ou em situação de confronto. Meu primo trabalhou no Palácio Guanabara e na orla das praias. Nunca trocou tiros na vida. A ficha da esposa dele ainda não caiu".

Ancelmo Alves foi o 49º PM assassinado em um pouco mais de três meses de 2017.  Do total, 29 militares estavam de folga, dez eram reformados e dez estavam em serviço. 

Detran se manifesta

Em nota divulgada a imprensa, o Detran informou que "se solidariza com os familiares do policial" assassinado. O departamento lamentou o ocorrido e declarou luto oficial.

O órgão também reafirmou "o amplo apoio à operação que promoveu uma mudança significativa de hábitos em relação ao trânsito". "A Lei Seca  é um exemplo de sucesso no estado do Rio de Janeiro e, paradoxalmente, há oito anos vem preservando vidas e reduzindo sensivelmente o número de motoristas embriagados flagrados ao volante", diz outro trecho da nota. 


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