Rio - Com uma arrecadação de pelo menos R$ 700 mil por mês na extorsão de motoristas de transporte alternativo na Ilha do Governador, o ex-policial militar Antonio Eugênio de Souza Freitas, conhecido como Batoré, possuía uma vida de ostentação. O ex-PM tinha quatro carros de alto padrão na garagem da casa espaçosa com churrasqueira e piscina no bairro Quintino, na Zona Norte. Nesta quarta-feira, ele, a mãe, os irmãos e até a sogra, que participavam do esquema, foram presos.
Batoré foi escolhido por Fernando Gomes Freitas, o Fernandinho Guarabu, chefão do Morro do Dendê, para gerenciar a exploração dos trabalhadores do transporte alternativo da região. A ação tentou cumprir mandado de prisão contra Guarabu, que não foi encontrado. Motoristas de van eram obrigados a pagar semanalmente R$ 350 para os bandidos, enquanto as Kombis pagavam uma taxa de R$ 290. No total, 505 condutores eram extorquidos.
Os agentes apreenderam quatro veículos, entre eles alguns das marcas Toyota e Chevrolet. Um dos carros, uma Hilux, é avaliada em média R$ 50 mil. Também foram encontradas armas, dinheiro e a escritura da casa, que estava no nome de familiares.
Batoré gerenciava o núcleo dedicado à extorsão semanal de motoristas de vans e kombis das 13 linhas que circulam internamente na região. Batoré foi expulso da Polícia Militar após ser condenado em 2005 pela venda de três armas de fogo à quadrilha liderada pelo traficante Fernandinho Guarabu.
Nas investigações, iniciadas em 2014, foi constatado que os bandidos usavam as cooperativas de transporte alternativo para camuflar as extorsões, como a Shalon Fiel, com mais de 500 integrantes. Com o decreto municipal nº 37.154/2013, que estabeleceu o Sistema de Transporte Público Local e a posterior licitação das linhas de transporte, foi possível melhorar o controle do sistema de transportes, com autorizações concedidas a cada motorista individualmente, independentemente de vinculação a qualquer cooperativa. Mas mesmo com a dissolução das cooperativas, a prática criminosa continuou, conforme constatou a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado e Inquéritos Especiais (DRACO/IE) através de documentos apreendidos em novembro de 2015 durante operação.
Na ação de 2015, Batoré foi denunciado pelos crimes de organização criminosa, extorsão, lavagem de dinheiro, incêndio e falsidade ideológica. Ao todo foram 22 denunciados pelo GAECO-MPRJ. Os crimes variam de tráfico e associação para o tráfico, lavagem de dinheiro e extorsão. Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão. O MP requereu à Justiça o sequestro de bens e o bloqueio de contas dos acusados.