Rio - No início deste mês, Bernardo Boechat alertou no Facebook que recebia até 60 pedidos por dia de adolescentes querendo entrar no jogo Baleia Azul. Mas o publicitário não é um dos chamados ‘curadores’, que incitam automutilação e até suicídio entre os participantes do desafio online. Ele é um dos donos da comunidade Baleia, ponto de apoio para pessoas acima do peso dividirem experiências e falarem sobre gordofobia. Ontem, a Delegacia de Repressão a Crimes de Informática começou a rastrear 5 mil pedidos feitos ao grupo do Facebook.
Nesta sexta, a delegada titular da DRCI, Fernanda Fernandes, deve ouvir depoimentos de mais dois casos suspeitos de envolvimento com o jogo: o de uma menina que tentou suicídio, sem idade confirmada, e o de um menino de 12 anos, ambos do Rio.
“A divulgação desses casos tem surtido efeito. Os pais estão prestando mais atenção a seus filhos e têm denunciado”, disse Fernanda. A polícia continua com um trabalho de monitoramento das redes sociais. Os ‘curadores’ das redes podem responder por lesão corporal e até homicídio.
Nesta quarta, circulou pelo WhatsApp uma suposta mensagem de um adolescente de Ipanema, em Minas Gerais, que teria que cumprir o desafio de distribuir balas envenenadas a crianças como parte do Baleia Azul. No entanto, a Polícia Militar da região confirmou que se trata de um boato e orientou pais e alunos da escola.
A médica da Associação Brasileira de Psiquiatria Alexandrina Meleiro disse que é importante aproveitar a repercussão do assunto para levantar o debate sobre a prevenção do suicídio — 96,8% dos casos registrados estavam relacionados com histórico de doença mental. “Temos que destacar que as pessoas têm que buscar ajuda. Se estiver sendo tratada, é uma morte evitável”. Os postos da unidade de atenção primária no Rio fazem atendimento de saúde mental — familiares podem buscar ajuda. O Centro de Valorização da Vida (CVV) faz apoio emocional e prevenção do suicídio pelo telefone 188.