Por adriano.araujo
Carlinhos Três Pontes foi morto em operação da Polícia CivilReprodução Agência O DIA

Rio - Moradores da Zona Oeste e parte da Zona Norte, temem uma guerra pela disputa de poder nas regiões, com a morte de Carlos Alexandre Braga, o Carlinhos Três Pontes, de 32 anos, principal líder da milícia Liga da Justiça, na madrugada desta sexta-feira, durante operação da Polícia Civil, em Paciência, localidade de Santa Cruz. Um dos criminosos mais procurados pela Polícia, Três Pontes, que tinha cinco mandados de prisão, foi encurralado dentro da casa de uma de suas namoradas, na Rua Aporuna, e baleado com um tiro no tórax, após reagir a voz de prisão. Oriundo do tráfico de drogas, Três Pontes, segundo investigações das delegacias de Homicídio (DH), Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE) e Roubos e Furtos de Cargas (DRFC), era aliado da facção Amigo dos Amigos  (ADA) e o principal responsável pela inédita união de ações criminosas envolvendo traficantes e milicianos.

“Se haverá disputa pelo lugar deste criminoso, só o tempo dirá. Mas quebramos um importante elo que existia, com visão empresarial, entre o tráfico e milícia”, afirmou, em coletiva de imprensa, o delegado Fabio Salvadoretti, da Divisão de Homicídios, que atirou no bandido, dentro da casa de uma de suas namoradas, em Paciência, na Zona Oeste. “Ele sempre dormia com uma pistola sob o travesseiro, conforme informes recebidos pelo Setor de Inteligência da Polícia Civil. Após receber voz de prisão (por volta de 4h30 da manhã), ele não se entregou, iniciando luta corporal com um colega (Thiago Dorigos, da DRFC), e conseguiu apanhar a pistola. Não tivemos outra alternativa (a não ser atirar), pois senão ele poderia matar uns três ou quatro policiais”, afirmou Salvadoretti.

Delegados falam da operação que matou Carlinhos Três Pontes em Paciência%2C na Zona OesteFrancisco Edson Alves / Agência O Dia

O titular da DH, Rivaldo Barbosa, disse que uma força tarefa da Polícia Civil, instituída para desmantelar os bandos ligados a Três Pontes, já investiga possíveis sucessores de Três Pontes. “Mas quem se arvorar a assumir o comando de atos criminosos nessas e em outras regiões, será identificado e preso”, garantiu. De acordo com Rivaldo, Três Pontes tinha “ação difusa e abrangente”. “Seus atos criminosos, que envolviam também o controle e distribuição de gás, circulação de vans ilegais, além do tráfico de drogas e outros delitos, que já haviam chegado à Baixada Fluminense e Norte do estado”, afirmou o delegado. O miliciano seria o responsável pela morte de um vereador e dois pré-candidatos na Baixada.

O titular da DRFC, Maurício Mendonça, disse que Três Pontes não tinha envolvimento direto nos roubos de cargas nas regiões em que dominava. “Mas liberando a ação de ladrões de cargas em determinadas áreas, ele, em troca, ganhava permissão para que sua vans pudessem circular livremente, assim como a entrega clandestina de gás, alargando cada vez mais seu domínio”, comentou o delegado.

Marcelo martins, titular da da DGPE, ressaltou que a ação da polícia foi “cirúrgica”. “Fomos rápidos, surpreendendo o bandido no momento em que ele estava sem seguranças, para evitar outras mortes, e para impedir seu resgate, o que certamente ocorreria em poucos minutos”, detalhou Martins. Três Pontes chegou a ser levado para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, mas não resistiu. Havia uma recompensa de R$ 1 mil oferecida pelo Disque-Denúncia por informações que levassem a sua prisão. Na casa onde ele estava, foram apreendidos um fuzil AK-47, um revólver e uma pistola. Um vizinho da namorada do criminoso, suspeito de ter ligações com miliciano, foi conduzido à delegacia para prestar esclarecimentos.

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