Rio - Caminhoneiros fizeram uma manifestação na Avenida Brasil, na manhã desta terça-feira, contra o aumento dos roubos de carga no Estado do Rio. Devido ao protesto, o trânsito ficou engarrafado. De acordo com o Centro de Operações da Prefeitura (COR), o congestionamento na Avenida Brasil chegou a 17 quilômetros. Já em outras vias expressas do Rio, o engarrafamento chegou a 56 quilômetros. O COR chegou a recomendar que a população optasse pelo BRT, metrô ou trem.
Os motoristas dos veículos de carga acessaram a Avenida Brasil pela Dutra, na altura de Irajá, e ocuparam uma faixa de cada pista (central e lateral), no sentido Centro. Na chegada ao Into, eles retornaram, fechando momentaneamente a pista de descida da Ponte Rio-Niterói. Apenas duas viaturas do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE) acompanharam o comboio com cerca de 150 caminhões.
A principal reclamação dos caminhoneiros é o grande número de roubo de cargas nas vias que cortam o estado, principalmente nas regiões dos complexos da Pedreira e Chapadão, onde a polícia realizou operações nesta manhã. Com faixas e cartazes , os profissionais pedem mais segurança para transitar no Rio.
"Ministro da Justiça, o Rio de Janeiro faz parte da federação?", dizia uma das faixas. "Até nós sabemos onde o carregamento está. É só ir na Pedreira", estava escrito em outra.
"Uma cidade como o Rio não pode ser abandonada. Precisamos de segurança. Estamos abandonados pelos governos Federal e Estadual. O Sindicarga, que representa a categoria, já falou e enviou ofícios para as autoridades, mas infelizmente nenhuma ação foi feita para conter os roubos de cargas no Estado. Se eles não interferirem, a gente vai parar de abastecer o Rio", afirmou Donizette Pereira, empresário e um dos representantes do sindicato.
De acordo com o Sindicarga, a cada uma hora um caminhão é roubado nas estradas que cortam o Estado. Segundo dados do órgão, daqui há um mês o Rio vai passar São Paulo em número de cargas roubadas por dia e mais de R$ 400 milhões foi o prejuízo de empresários do Rio, só neste ano, com este tipo de crime. No ano passado, a entidade estima que teve um prejuízo de R$ 1 bilhão.
"Hoje no Rio, os bandidos roubam de tudo. O governo Federal mandou 300 homens da Força Nacional, mas no entanto, eles ficam parados e não patrulham nada. É preciso que se feche os acessos as comunidades onde ocorrem esses assaltos. Estamos tendo prejuízos enormes. Nossos funcionários saem pra trabalhar, mas não sabemos se eles voltam vivos", conta o empresário Charles de Souza Araújo.
Segundo relatos dos manifestantes, muitos caminhoneiros estão abandonando a profissão por causa da violência e da falta de segurança nas estradas do estado. Já de acordo com os empresários, as seguradoras têm aumentado os valores para quem faz transporte de cargas para o Rio e que isso acaba encarecendo os produtos para os consumidores da cidade.
"A situação aqui no Rio está insustentável. Os empresários que transportam cargas estão prestes a parar. Os governantes precisam agir imediatamente. A realidade é que, o estado está sem recursos e não está tendo poder de respostas. Os empresários já esgotaram suas iniciativas para tentarem evitar os roubos. O desabastecimento será certo se continuar assim", diz o coronel da Polícia Militar Venâncio Moura, diretor de segurança do Sindicato de Empresas de Transporte de Carga (Sindicarga).
Reportagem do estagiário Rafael Nascimento com supervisão da repórter Karilayn Areias