Rio - A Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro promove neste sábado, o Dia D para a mobilização de postos de saúde visando a atualização da caderneta de vacinação de adolescentes, com destaque para a vacina contra o vírus HPV, cuja procura é baixa no estado e no país. A campanha começou nesta segunda-feira.
“A gente está convidando os adolescentes para irem aos postos para atualização da caderneta vacinal, com ênfase na vacina contra o vírus HPV e a vacina antimeningocócica C, que são duas vacinas extremamente importantes para essa faixa etária”, disse nesta quarta-feira, à Agência Brasil o subsecretário de Vigilância em Saúde, Alexandre Chieppe.
Segundo Chieppe, é mais difícil de se atingir altas coberturas vacinais no público adolescente. “A gente ainda carece, no Brasil, de uma cultura de vacinação do público dessa faixa etária”. O mesmo fenômeno foi observado com a vacina contra hepatite B, que teve cobertura baixa, principalmente na segunda e terceira doses.
Serão disponibilizadas também no sábado a vacina dupla (contra difteria e tétano) adulto , a vacina contra hepatite B e a tríplice viral SCR (contra sarampo, caxumba e rubéola), informou a secretaria.
Desinformação
Na avaliação do subsecretário de Vigilância em Saúde, falta conscientização dos adolescentes e dos pais e responsáveis sobre a importância de manter a caderneta de vacinação em dia nessa faixa etária. Por outro lado, destacou que há uma série de informações equivocadas circulando nas redes sociais sobre supostos eventos adversos da vacina contra o HPV.
O Papiloma Vírus Humano, ou HPV, é o vírus sexualmente transmissível mais prevalente em todo o mundo. Ele tem diversos subtipos relacionados com o aparecimento de verrugas genitais, que têm impacto importante para a população, não só do ponto de vista estético, como de complicações como a necessidade de evolução para cirurgia.
Outro grupo de subtipos do HPV está relacionado com aumento de risco de câncer de colo de útero, que é o segundo câncer que mais mata mulheres no Brasil, e o câncer de pênis, que, apesar de menos frequente, pode levar a cirurgias, inclusive mutiladoras.
Relação sexual
Chieppe salientou que a desinformação pode acabar levando a um preconceito contra a vacinação contra o HPV. Segundo ele, alguns grupos relacionam a vacina com o início de vida sexual. “A pessoa pode tomar a vacina de HPV e só ter relação sexual muito tempo depois ou nem vir a ter. Não tem relação absolutamente nenhuma”.
No ano passado, a Secretaria de Estado de Saúde recebeu do Ministério da Saúde e repassou para os 92 municípios cerca de 354 mil doses do imunizante. Este ano, com a baixa procura, os municípios não fizeram pedidos de reposição de lotes à secretaria, uma vez que os postos de saúde não vêm registrando demanda para a vacina. Ao todo, foram distribuídas até maio último somente 34,5 mil doses, o equivalente a 10% do total disponibilizado em 2016.
Alexandre Chieppe disse que a baixa procura faz com que não sejam entregues algumas parcelas subsequentes da vacina de HPV. “Isso faz com que a gente tenha vacina ainda em estoque. Preocupa por dois aspectos. Primeiro, porque a gente sabe que se tem vacina em estoque, uma parcela do público-alvo da população não está sendo imunizada; e, em segundo lugar, porque há o risco de perda desses imunobiológicos”.
Segurança
O secretário municipal de Saúde, Luiz Antonio Teixeira Jr., assegurou que a vacina é segura e importante para os jovens. “Em tese, como qualquer imunizante, quanto antes for aplicado, melhor será a resposta imunológica. Como é permitida a partir dos 9 anos para meninas e a partir dos 11 anos para os meninos, é essencial que os pais tenham consciência de que essa é uma proteção a ser adotada agora para a segurança dos filhos no futuro”, disse.
O Ministério da Saúde anunciou nos últimos dias a ampliação da faixa etária para a vacinação contra HPV entre os meninos, que devem ser vacinados a partir dos 11 anos até os 15 anos incompletos. Já as meninas podem ser imunizadas a partir dos 9 anos até os 15 anos incompletos. A vacina deve ser tomada em duas doses, com intervalo mínimo de seis meses e máximo de um ano entre elas.
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que mais de 16 mil novos casos de câncer de colo de útero deverão ser registrados no Brasil no biênio 2016/2017, sendo que, na maioria deles, a principal causa será o vírus HPV. Ainda de acordo com o Inca, o câncer de pênis representa cerca de 2% de todos os tipos de câncer que atingem o homem no país, sendo mais frequente nas regiões Norte e Nordeste. Em 2013, provocou a morte de 396 pessoas do sexo masculino.