Rio - A burocracia estatal aumentou o sofrimento de uma viúva nesta quinta-feira. A empregada doméstica Francidalva Alves da Silva, de 33 anos, foi impedida de reconhecer o corpo do faxineiro Fábio Franco de Alcântara, de 38 anos, morto nesta quarta-feira durante um confronto entre criminosos e policiais no morro do Pavão-Pavãozinho, na Zona Sul do Rio.
Companheira de Fábio desde 2003, Francidalva foi barrada pelo Instituto Médico Legal porque o IML exige a comprovação da relação de casamento ou união estável. O casal vivia junto há anos, mas não chegou a legalizar a relação. "Me senti desrespeitada", desabafou a viúva.
Francidalva aguardava, durante toda a manhã desta quinta, na porta do instituto, a chegada de parentes diretos de Fábio pudessem confirmar a identificação do corpo e liberá-lo para ser sepultado. "Tenho certeza que ele não ficaria feliz se soubesse que não pude vê-lo", lamentou a empregada.
Após o confronto de quarta-feira, a manhã foi calma na comunidade, sem operações e com policialmento normal. Não houve relato de tiroteio.
Confronto deixou feridos e mortos
Fábio morreu atingido por um explosivo, após traficantes da localidade conhecida como Serafim arremessarem granadas contra os PMs da UPP da comunidade que patrulhavam o local. Além de Fábio, outras trÊs pessoas ficaram feridas.
O tiroteio também fez uma vítima indireta. Elisângela Gonçalves, 38 anos, passou mal por causa e morreu. Ela sofreu um infarto e chegou a buscar atendimento na clínica da família da comunidade, foi atendida, mas faleceu ao chegar no local. De acordo com a gerente do restaurante onde Elisangêla trabalhava, a vítima ficou desesperada devido ao tiroteio.
Reportagem de Maíra Coelho