A nova fase foi iniciada após quatro anos de investigações de contratos no governo de Paes. Nesta operação, os procuradores do Ministério Público Federal (MPF) se basearam na delação premiada de Luciana Salles Parente, ex-integrante do conselho do consórcio formado pela OAS, Carioca Engenharia e Contern. Assim como o DIA publicou em abril deste ano, Luciana relatou à Justiça um esquema de pagamento de propinas ao Tribunal de Contas do Município (TCM) por obra do lote 2 do corredor BRT Transcarioca, trecho entre a Penha e o Galeão.
Os agentes investigam o pagamento de propina nas obras da Transcarioca e da drenagem do córrego da Bacia de Jacarepaguá.
A operação inclui ainda um mandado de prisão temporária, três de condução coercitiva (quando alguém é levado para depor) e 18 de busca e apreensão, expedidos pela 7º Vara Federal Criminal. Os pedidos foram cumpridos em diversos bairros do Rio: no Recreio, Centro, Copacabana, Botafogo, Vila Isabel, Barra da Tijuca, Tijuca, Rocha e Jacarepaguá. Em Niterói, a advogada Vanusa Sampaio foi presa e levada para a sede da Polícia Federal, na Zona Portuária.
Em Pernambuco, os policiais prenderam Laudo Aparecido Dalla Costa Ziani, genro do ex-deputado Pedro Corrêa, Além de Alexandre Pinto, lobistas e fiscais da prefeitura responsáveis pelas obras também são alvos da ação. Essa foi a primeira vez que a Lava Jato chegou no âmbito municipal.
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Relembre o caso
A ex-executiva Luciana Parente disse à Justiça que havia cobrança de 1% do contrato de R$ 500 milhões ao TCM, mesmo percentual acertado com o então secretário de Obras da prefeitura e 3% aos fiscais do Ministério das Cidades.
A operação do pagamento é parecida com a cobrança às empreiteiras exigida pelos conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Ou seja, 1% de obras acima de R$ 5 milhões. Luciana alegou que tomou conhecimento dos “compromissos de pagamento de vantagens indevidas” já nas primeiras reuniões do conselho, em que ela participou como diretora operacional na empresa.
A engenheira acrescentou que Antonio Cid Campelo, representante da OAS, trouxe a “demanda” e chegou a mencionar “a pessoa do TCM” que exigira a propina, mas ela não se recorda do nome. Em nota, à época, o TCM informou não ter conhecimento da denúncia e que só poderá se manifestar após ter acesso a esta. Mas que desde já coloca todos os processos — auditorias e inspeções — sobre a Transcarioca à disposição para quem quiser ver o farto material a respeito e a condução dos trabalhos feitos pelo corpo técnico e pelos conselheiros do TCM.
Com informações do Estadão Conteúdo