Por gabriela.mattos

Rio - Policiais de 14 Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher (DEAMs) prenderam, nestaUma força-tarefa de 42 agentes prendeu 63 suspeitos de violência doméstica e sexual nesta segunda-feira na Operação Comigo não, violão. As 14 delegacias de Atendimento a Mulher (Deam) se uniram para dar visibilidade aos 11 anos da Lei Maria da Penha. A regra, que aumentou o rigor e a rapidez na punição da violência de gênero, foi aplicada 71,4 mil vezes em 2016, segundo dados divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP).

Homens suspeitos de violência contra a mulher são presos durante operação da Polícia CivilDivulgação

Foram apreendidas quatro armas— duas pistolas, um revólver e uma espingarda calibre 12. Os policiais buscavam cumprir 72 mandados de prisão e 22 de busca e apreensão.

Números do Dossiê Mulher, do ISP, revelam que ainda há muito trabalho a ser feito. No ano passado, foram 132,6 mil casos de violência: 71,9 mil agressões verbais, 44,6 mil lesões corporais, 4 mil estupros e 396 homicídios e feminicídios. A maior parte acontece em casa (60,5%), por ex-companheiros (43,7%).

O nome da operação foi emprestado de uma marchinha de Francisco Alves. Mas a frase tem outro significado para Márcia Noeli, coordenadora do Divisão de Polícia de Atendimento a Mulher: é um estímulo às vítimas irem a delegacia e registrarem a violência. “Em casos de violência doméstica, qualquer pessoa pode ir à delegacia e denunciar. Mas em casos de injúria e ameaça, só a mulher pode fazer a denúncia. Por isso, temos que falar à mulher para dizer sempre ‘comigo não, violão’”.

Noeli ressaltou que, na maioria das vezes, a agressão é interrompida após a denúncia. Pela Lei Maria da Penha, várias medidas protetivas ficam à disposição da mulher, incluindo afastamento do agressor, apoio psicológico e assistência jurídica. Recentemente, a Defensoria Pública inaugurou atendimento especial para casos do tipo.

A defensora pública Renata Tavares foi a primeira do estado a atuar nessa função. Em julho, ela acompanhou uma vítima de tentativa de feminicídio. “A mulher reviver o que passou em um depoimento já é uma grande violência. Os advogados tendem a fazer perguntas que violam muito a intimidade, e o júri, a reforçar estereótipos, como perguntar se ela estava de saia curta, se estava na rua tarde da noite”, afirmou.

As estatísticas do ISP contrariam essas noções pré-concebidas. Nos casos de estupro ocorridos em 2016, a maior parcela (26,5%) foi de manhã e a maioria (66,6%) ocorreu em casa, por agressores conhecidos (39,8%). Grande parte das vítimas (63,9%) é menor de idade.

Tavares defende que um melhor atendimento às mulheres evitaria crimes. “Se as mulheres fossem levadas a sério desde o início, talvez não seriam assassinadas”.




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