Por cadu.bruno

Rio - O cabo da Polícia Militar Antônio Ricardo Azevedo da Silva não segurou a emoção após resgatar duas crianças que estavam dentro de uma van escolar indo para a creche e acabaram levadas por bandidos até o Morro da Pereirinha, após assalto, na manhã desta sexta-feira, em Niterói, na Região Metropolitana.

Cabo Azevedo com as crianças ainda na van escolarWhatsApp O Dia

Os criminosos renderam o motorista e levaram o veículo com os dois meninos — de um ano e meio e outro de dois anos e meio —, que seguiam para a Creche Escola Espaço Baby, em São Gonçalo.

"Chorei muito quando encontrei as crianças. Mal consegui avisar ao comando do batalhão. Fiquei muito emocionado. Elas estavam assustadas, mas acredito que tenham pensado que estavam brincando de corrida porque os bandidos correram muito e elas não entendem ainda o que aconteceu porque são muito novinhas. Falei com elas: 'o tio está aqui'. Apenas dei carinho e acionamos outros policiais", contou o militar, que encontrou as crianças dentro da van abandonada numa rua na comunidade do Pereirinha.

Ele disse que encontrou bandidos quando chegou à favela. "Graças a Deus não houve confronto e conseguimos resgatar as crianças bem. Nossa intenção não era prender ninguém, mas conseguir fazer o resgate. É uma ousadia dos bandidos sequestrarem crianças que estão indo para a escola. Estou muito feliz porque conseguimos fazer esse trabalho sem ferir ninguém", comemorou o policial, que está há 11 anos na corporação.

Os quatro bandidos que roubaram a van estavam armados com pelo menos um fuzil. Segundo a polícia, no momento da abordagem, havia duas crianças na van e o motorista pegaria outras quatro. Ele não conseguiu tirar os meninos do veículo porque eles estavam na parte de trás do carro, com cintos de segurança. Um dos criminosos já foi reconhecido pelo motorista.

De acordo com a polícia, o bando estava fugindo de uma tentativa de invasão ao Morro dos Marítimos, no Barreto, que aconteceu nesta madrugada. Após fugir da comunidade com um carro e roubar um outro, eles acabaram roubando a van escolar para escapar após se envolverem em dois acidentes.

Pais de crianças relatam momentos de tensão

A professora Vivian Oliveira, de 36 anos, mãe de um dos meninos levados pelos bandidos, disse que o caso não vai alterar a rotina da família. "Em alguns segundos a vida passa. É muito nervosismo. O que a gente faz com tanta violência? Ficamos em casa, paramos de trabalhar? Não quero absorver essa energia negativa, porque ele vai ter que continuar vindo à creche, é o futuro dele, o que nós defendemos. Vamos tentar que o dia dele caminhe normalmente, mas ele ficou nervoso, sim. Percebeu que algo errado acontecia."

Van escolar levada por criminosos. Crianças estavam no veículo sendo levadas para creche em São Gonçalo Estefan Radovicz / Agência O Dia

Já o pai do menino, o também professor Fábio Vinícius, de 42 anos, disse ver o filho em segurança foi "um presente antecipado de Dias dos Pais". "Tivemos exemplo de um trabalho perfeito da polícia e só temos que agradecer. Os policiais falaram que as crianças ficaram muito tensas", afirmou.

'Foi muito apavorante, fique em pânico', diz motorista de van

O motorista da van, Josedi Cordeiro, chorou ao relembrar o assalto. "Foi muito apavorante. Eu fiquei em pânico. Graças a Deus a PM agiu e nada aconteceu. Eles chegaram muito rápido e gritando e eu não tive reação. Estavam muito nervosos e eu só consegui tirar duas crianças. A partir de hoje é uma nova data para mim. Sou pai e estou muito abalado. As crianças não tiveram tempo de falar nada. A minha preocupação era com os meninos, pois tenho uma responsabilidade redobrada", disse ele chorando.

Tio de uma das crianças que também pega a van para ir para a escola contou que a sobrinha escapou do sequestro porque se atrasou. "Quando meu cunhado chegou para colocá-la na van viu a movimentação estranha e o motorista sair correndo. Meu cunhado, rapidamente, acionou a polícia e outros pais. Por sorte minha sobrinha se atrasou e não entrou na van", disse o homem que preferiu não se identificar.

Reportagem do estagiário Rafael Nascimento, sob supervisão de Cadu Bruno

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