Por gabriela.mattos

Rio - Para apimentar a relação sexual, casais unidos há anos estão perdendo a vergonha, e indo direto ao ponto...G (zona erógena), no caso. Os mais de 50 novos tipos de ‘brinquedinhos’ disponíveis no mercado, que ajudam a prolongar e aumentam o prazer, têm atraído mais maridos e suas mulheres aos sex shops. Isso, segundo especialistas, graças aos formatos mais discretos e com funções tecnológicas avançadas dos produtos eróticos, transformados em objetos de desejo e, agora, até de coleção.

Kátia e Roberto passaram a ser compradores assíduos de produtos eróticos%2C fabricados no Brasil%2C Suécia e Estados Unidos. Acabaram virando colecionadores 'sem querer'Márcio Mercante / Agência O Dia

De acordo com donos de lojas do ramo, que movimenta R$ 1 bilhão por ano, de cada dez fregueses que procuram os sex shops, sete são casados. “O perfil dos consumidores está mudando. Há uns dois anos, as minhas lojas (em Ipanema e Largo do Machado) eram frequentadas mais por jovens, solteiros e amantes, em sua maioria. O surgimento galopante de itens a cada mês, desde a linha cosmética, lingeries sensuais, vibradores mais sofisticados e sem formados grosseiros, é o responsável por essa mutação de consumidores”, apontou a empresária Alessandra Furtado, de 42 anos, dona da A Boutique Erótica, na Rua Visconde de Pirajá, em Ipanema.

De acordo com a Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e Sensual (Abeme), o setor de artigos sensuais gera 125 mil empregos em 11 mil pontos de vendas no país, 90% deles micro e pequenas empresas.

Em meio a mais de 15 mil produtos que estão, digamos, gozando de maior sucesso entre os casais, simuladores de língua para sexo oral; estimuladores em formatos de balas com controle remoto e internet, e equipados com tecnologia sense motion (sensores ativados por movimentos) e velas que se transformam em gel comestível, são os preferidos.

“A vinda de casais ao sex shop passou a ser tão natural, que até disfarces que homens e mulheres costumavam usar, incluindo perucas, largos óculos escuros e bonés, estão sendo deixados de lado. Produtos eróticos ajudam a resgatar o interesse sexual e estimulam novos prazeres, reinventando métodos”, garantiu Alessandra. De olho no novo filão, ela, assim como outros empresários, submete seus funcionários a treinamentos.

Produtos com design modernos%2C que imitam até objetos de decoração%3A novas fontes de prazer sexualMárcio Mercante / Agência O Dia

“Aprendemos a lidar com casais mais tímidos e entender o que eles querem. O importante é que se sintam à vontade e saiam satisfeitos”, ressaltou Micaele Ribeiro, 19, funcionária de Alessandra.

Leandro Félix, gerente das lojas Flower Love, em Copacabana e na Tijuca, admite que a presença de marido e mulher subiu em torno de 20% em 12 meses. “Isso é muito bom, em tempos de crise econômica”.

Fantasias e algemas ainda em alta

Mesmo com os produtos em alta, que fazem os casais irem à loucura entre quatro paredes, as fantasias e outros antigos itens, como algemas, não saem de moda. “Roupa de colegial e lingerie sexys ainda são recordistas de vendas, assim como bolinhas lubrificantes, gel prolongador de excitação e ejaculação e anel peniano com vibrador”, explicou Luize Alves, da Luluh Sex Shop, em Jacarepaguá.

“A tendência é de constante aumento em vendas, uma vez que pesquisa indicam que 83% da população nunca experimentou um produto erótico”, declarou a presidente da Abeme, Paula Aguiar.

A psicóloga, psicanalista e terapeuta de casal e família, Márcia Modesto, garante que brinquedos eróticos são saudáveis e podem até salvar casamentos. “Usados sem exageros, são excelentes estímulos”.

Casais viram colecionadores de produtos eróticos

A variedade de itens lançados periodicamente por 30 fábricas no Brasil, fora a gama de importados da Suécia e EUA, que atinge a venda de 9 milhões de unidades por mês (3,5 milhões só em gel, creme e lubrificante), tem desencadeado um outro fenômeno curioso: os casais passaram a colecionar produtos sexuais.

É o caso do consultor comercial Roberto Costa, 46, e da empresária Kátia da Conceição, 44, unidos há cinco anos e que viraram colecionadores ‘sem querer’. “Apesar de os preços ainda estarem salgados (há produtos de R$ 50 a até R$ 4 mil), nós adquirimos sempre um mimo diferente por mês, que nos ajuda a sair da rotina”, explicou Roberto.

Ana, 46 e José, 50 (nomes fictícios), casados há 16 anos, ainda estão vencendo a timidez. "Começamos a ir às lojas mais vezes. Nunca faltam novidades e elas têm esquentado o relacionamento. Estamos sempre curiosos e, juntos, dando uma olhada em novos itens, que nos fazem pegar fogo”, garantiu Ana, entre gargalhadas.

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