Rio - Ainda sob clima de medo, as crianças do Jacarezinho e entorno começam a retomar sua rotina escolar a partir de hoje. Em apenas uma escola da região (a Pace, que é municipal) e com horário reduzido. As outras 14 unidades terão atividades apenas com diretores, professores e funcionários, sendo que os alunos dessas escolas devem retornar amanhã.
A volta às aulas, após 11 dias de conflito, que causou a interrupção das atividades em 15 escolas, prejudicando 12 mil estudantes, foi decidida após o secretário de Segurança, Roberto Sá, garantir ao secretário municipal de Educação, César Benjamin, que não há ações programadas para Jacarezinho e Manguinhos. Do início do ano letivo (2 de fevereiro) até ontem, 409 escolas fecharam por conta de tiroteios, prejudicando 145.928 crianças e adolescentes. “Se não houver um novo incidente grave, ele prevê uma volta à normalidade (normalidade de uma área violenta, é claro)”, disse Benjamin, nota.
A Comlurb aproveitou a trégua para recolher o lixo acumulado. Em duas horas da manhã de ontem, foram removidas 127,3 toneladas de resíduos no Jacarezinho. O serviço foi interrompido porque garis foram intimidados por supostos traficantes. “Para garantir a integridade física dos 100 trabalhadores, que atuavam no local, os serviços foram suspensos”, informou a Comlurb, em nota. Garantiu que assim que “a situação for regularizada, equipes voltam”.
Defensor quer explicações
A Defensoria Pública enviou ofícios ao secretário de Segurança e ao comandante da PM solicitando informações e providências sobre as intervenções policiais no Jacarezinho. Segundo a Defensoria, eles têm até 15 dias para responder quais são os objetivos específicos das ações iniciadas em 11 de agosto, se há apuração sobre as mortes registradas desde então, que medidas foram adotadas para a proteção dos moradores e se há GPS e câmeras nos veículos blindados utilizados nas incursões.
Os defensores públicos querem esclarecimentos sobre as mortes registradas no Jacarezinho nos últimos dias, dentre elas as de pelo menos “três pessoas comprovadamente não envolvidas nos conflitos com os agentes da lei”.