Por karilayn.areias

Rio - O combate ao roubo de cargas chegou também aos ambulantes de rua e dos transportes públicos. A Guarda Municipal iniciou operações para recolher mercadorias sem comprovação de origem que estejam sendo vendidas por camelôs e as concessionárias dos trens e do metrô terão de fazer o mesmo com os vendedores que comercializam produtos de carga roubada.

Agentes da Guarda Municipal realizaram operação ontem em Copacabana para reprimir camelôs que vendiam produtos sem comprovaçãoMaíra Coelho / Agência O Dia

Na tarde de ontem, os agentes da Guarda Municipal estiveram em Copacabana e em Bangu para reprimir a venda mercadorias ilegais que podem ser oriundas de roubos. A medida foi tomada horas depois de o prefeito Marcelo Crivella anunciar a criação do Fundo Municipal de Ordem Pública (Feop), que prevê a arrecadação de recursos para a modernização e capacitação da Guarda Municipal para atuação no ordenamento urbano. O Governo do Rio também publicou, ontem, uma lei que busca fechar o cerco contra ambulantes que utilizam os sistemas ferroviário e metroviário para a comercialização de produtos e materiais roubados. Com a medida, os agentes de segurança das duas concessionárias poderão apreender mercadorias e equipamentos e encaminhar todo o material recolhido à PM e à Guarda Municipal.

A medida estadual, no entanto, é alvo de polêmica. A Supervia, responsável pelos trens, afirmou que ainda irá avaliar a portaria e alega não estar ‘dimensionada’ para executar a tarefa. Durante a assinatura do decreto que estabeleceu a criação do Feop, no Palácio da Cidade, o secretário municipal de Ordem Pública, Paulo César Amêndola, disse que a prefeitura não tem obrigação de cumprir o decreto estadual. “ Isso, entretanto, nos aponta para uma realidade e temos dar a nossa contribuição”, prometeu. Já o MetrôRio informou que realiza campanhas contra o comércio ilegal nos trens e que vai seguir a determinação da portaria.

O Feop será mantido através de recursos oriundos de multas de trânsito e de infrações relativas ao combate à poluição sonora, de receitas dos serviços de remoção, leilão e estadia de veículos nos pátios, além de doações de empresários ou outros meios de arrecadação municipal. Com as arrecadações, a prefeitura pretende reforçar o efetivo da GM nas ruas pagando os agentes para que trabalhem nos dias de folga. Amêndola ressaltou que mesmo sem armas de fogo, a GM irá colaborar com a segurança no estado. “Vamos mostrar aos bandidos que não adianta roubar carga porque não vai ter quem compre”, reforçou.

Na quinta-feira%2C guardas municipais apreenderam%2C com a Polícia Civil%2C 800 produtos ilegais na TijucaMarcio Mercante / AG. ODIA

Crivella afirmou que a prefeitura atuará ativamente contra quem comercializa produtos roubados nas ruas. “Vamos combater esse comércio que está dando incentivo ao roubo de cargas”, disse o prefeito, acrescentando que o município irá receber hoje a doação de 100 motocicletas que serão usadas pela Guarda. Crivella ponderou, ainda, que entende que diante do quadro de crise econômica, o trabalhador busque alternativas mas que isso, no entanto, não pode servir como argumento para a venda de produtos roubados. “Vamos trazer paz para a nossa cidade. O Rio não será a cidade dos cracudos e dos PMs assassinados”, prometeu. 

Feiras só para ambulantes em estudo

A prefeitura publicou decreto ontem, em Diário Oficial, para a criação de feiras ambulantes na cidade. O objetivo é acomodar os trabalhadores informais em pontos que ainda serão definidos pelo poder público. A criação das feiras ainda não tem prazo e dependerá da avaliação de impacto comercial em relação ao comércio formal.

As ações de ordenamento público da Guarda Municipal nas ruas de Copacabana ontem dividiram a opinião dos moradores do bairro. Muitos acreditam que, diante da crise econômica, os ambulantes estão buscando meios para sobreviver. O morador Antônio Puppim, de 19 anos, presenciou a ação da Guarda na Rua Santa Clara. Segundo ele, a chegada das viaturas da GM provocou correria entre os ambulantes.

“A crise está aí e as pessoas precisam buscar meios para sobreviver. Qualquer forma de repressão é absurda”, opinou Antônio. Já o porteiro Francisco Canindé, 57 anos, disse que a ação de ordenamento é importante para liberar as calçadas. “Sei que eles (ambulantes) estão trabalhando, mas atrapalham a circulação dos pedestres”, reclamou.

Na primeira ação integrada da Polícia Civil com a prefeitura, na quinta-feira, 800 produtos contrabandeados foram apreendidos na Tijuca.

Você pode gostar