Rio - Morto na manhã deste sábado, o sargento Fabio José Cavalcante e Sá, de 39 anos, é o 100º PM assassinado no Estado do Rio apenas neste ano. Ele foi surpreendido por bandidos em frente à casa dos pais, no Largo do Guedes, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. "Meu filho era uma pessoa ótima, não merecia isso. Morreu porque era policial. Os bandidos disseram 'mata logo que é polícia', lamentou o pai de Fábio, que preferiu não se identificar.
Ele disse que viu o momento que os bandidos assassinaram o filho. "
Eles me mandaram calar a boca senão iam me matar também. Vi meu filho caído, fiquei doido. Estou com 70 anos, perdi metade de mim. Nunca achei que fosse ver meu filho caído desse jeito. Ele era um cara querido que ajudava os outros. Não ligava para dinheiro. Qualquer pessoa que pedisse ajuda ele dava", afirmou.
Um dos filhos de Fábio também teria visto o pai ser assassinado. Ele era lotado no 34º BPM (Magé) e tem um irmão que também é policial. Fábio chegou a ser levado para a UPA da Nilo Peçanha, em Duque de Caxias, mas não resistiu aos ferimentos. O PM foi candidato a vereador em São João de Meriti nas eleições de 2016. Concorrendo pelo PR, ele obteve 1.090 votos (0,43%) na cidade. O sargento estava há mais de 15 anos na corporação. Ele morava com a esposa e o filho em Magé.
Apoio aos policiais mortos
Em nota, o Tribunal Regional Federal da Segunda Região (TRF2) e o Tribunal Regional do Trabalho da Primeira Região (TRT1) manifestaram apoio às famílias e amigos dos cem policiais do estado.
"Em homenagem às mulheres e aos homens que tombaram vítimas da violência, os presidentes de ambas as Cortes que subscrevem esta nota determinam o hasteamento dos pavilhões das instituições a meio-mastro, por três dias, a partir desta data", diz um trecho do texto.
O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Wolney Dias, também escreveu uma nota sobre a morte de cem policiais militares desde o começo do ano. A nota foi intitulada "Não somos números. Somos cidadãos e heróis", em referência a uma mensagem enviada anteriormente à tropa.
"Para a Polícia Militar é um golpe a mais em nossas fileiras, parte de uma estatística inaceitável com a qual temos convivido dramaticamente há mais de duas décadas, mas que nem sempre ganha a mesma repercussão. Reescrevo hoje o mesmo desabafo, recheado de tristeza e revolta. Tristeza pela perda irreparável de cada companheiro que se vai, deixando para trás sonhos e o sofrimento da família e amigos. Revolta, pela omissão de grande parte da sociedade que se nega a discutir com profundidade um tema de tamanha relevância", afirma.
A Secretaria estadual de Segurança divulgou nota em que lamenta "profundamente" a morte do policial. "A família perde um ente querido, a corporação perde um profissional e a sociedade, mais um de seus defensores. A secretaria, juntamente com o Comando da Polícia Militar e a Chefia de Polícia Civil, segue envidando esforços no sentido de preservar a vida de todos, incluindo as dos policiais", diz o texto.