Rio - Passada a ressaca pós-olímpica, o Rio de Janeiro voltará a ser alçado aos holofotes do mundo como grande destino turístico do Brasil. O Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) vai priorizar a divulgação da cidade em peças publicitárias, feiras internacionais e ações com a imprensa entre 2018 e 2022. A ação Mais Rio Mais Brasil vislumbra quadruplicar o número de visitantes - um salto de 1,5 milhão para 6 milhões de estrangeiros e de 5,3 para 21 milhões de turistas nacionais por ano na capital.

Para fortalecer a empreitada, um calendário anual de eventos, chamado Rio de Janeiro a Janeiro, está sendo elaborado pela prefeitura. A ideia é que pelo menos um megaevento cultural ou esportivo seja realizado por mês para agitar a cidade e chamar mais turistas a partir do ano que vem. Os equipamentos construídos para os Jogos 2016 serão utilizados.
A campanha da Embratur foi anunciada na quinta-feira pelo presidente da autarquia, Vinicius Lummertz, como solução para estimular a economia. "O turismo é a saída que a cidade tem de sustentabilidade econômica para se reerguer", declarou.

O presidente da Embratur acredita que a ação beneficiará o reposicionamento de imagem do Rio e criará oportunidades de negócios, com geração de emprego e renda. Também está prevista, até o fim do ano, a implantação do visto eletrônico para facilitar a entrada de americanos, canadenses, japoneses e australianos no país. As novidades foram comemoradas pelo setor.
"O Rio de Janeiro tem hoje o parque hoteleiro mais moderno do Brasil. A cidade reúne 855 estabelecimentos de hospedagem. Sediamos os maiores eventos esportivos do planeta e, hoje, lidamos com taxas de ocupação na casa dos 50%. Todo investimento em imagem e infraestrutura da cidade seria em vão sem um trabalho sólido de promoção", declarou Alfredo Lopes, presidente da Associação de Hotéis do Rio (ABIH-RJ).

O número de visitantes não caiu depois da Olimpíada, mas, com o aumento da oferta de hospedagens, as taxas de ocupação acabaram caindo. "Temos que recuperar o valor das diárias e manter uma média mensal de 55 a 60%", acrescentou Lopes. Segundo ele, antes da alta da oferta, a taxa média de ocupação era de 65%.
O Rio de Janeiro já tem 250 eventos confirmados entre 2017 e 2027, entre congressos, feiras e convenções. Nesse período, a cidade terá recebido 1,1 milhão de congressistas, que deixarão uma receita estimada em US$ 1,3 bilhão. "O calendário de eventos é fundamental para manter o fluxo de turistas equilibrado durante todo o ano, não apenas na alta estação. Os eventos são responsáveis pelo desenvolvimento e divulgação do destino", destaca Sonia Chami, presidente-executiva do Rio Convention & Visitors Bureau.

Promoção é pleito antigo do setor
O investimento em promoção do Rio pela Embratur era pleito antigo de representantes do setor, mas eles cobram outras medidas para estimular o turismo. Para Sávio Neves, presidente do Trem do Corcovado e do Conselho Administrativo do AquaRio, o fim da burocracia dos vistos, principalmente para os Estados Unidos, é questão de urgência. "O Brasil precisa decidir se quer atrair visitantes ou ficar fechado para o mundo. Em qualquer lugar do mundo, os americanos são os maiores emissores de turistas", afirma.

O secretário estadual de Turismo, Nilo Sergio Felix, faz coro a Neves e defende ainda a liberação dos cassinos. "Tem um projeto na Câmara para liberar o jogo em geral. Não achamos que isso atrai turistas. Estamos mirando a liberação de cassinos em resorts, áreas que serão desenvolvidas. Temos a Barra da Tijuca preparada para receber cassinos. Imagina um cassino em Ilha Grande, com hospital, aeroporto e shows de cantores internacionais. Isso alavanca o turismo."
Alfredo Lopes ressalta que a violência é um dos principais desafios. "Precisamos do apoio do governo federal no combate à violência, com ajuda financeira para pagar os policiais, consertar a frota de viaturas que está parada e retomar a normalidade do estado."