Por tabata.uchoa

Rio - O juiz federal Marcelo Bretas decretou o bloqueio de R$ 1 bilhão do presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, e dos empresários Arthur Soares e Eliane Cavalcante. Os três são investigados na Operação Unfair Play, deflagrada nesta terça-feira.

A apuração mira um esquema de corrupção internacional para a compra de votos para a escolha do Rio pelos membros do Comitê Olímpico Internacional como sede dos Jogos de 2016.

Nuzman é o presidente do COBCarlos Moraes

O Ministério Público Federal havia solicitado a Bretas "em razão do dano moral causado, que o patrimônio dos representados Arthur César de Menezes Soares Filho, Eliane Pereira Cavalcante e Carlos Arthur Nuzman" fosse bloqueado em, pelo menos, R$ 1 bilhão "a fim de fazer frente ao dano causado, cujo valor será fixado quando da prolação da sentença penal".

Ao decidir, Bretas anotou. "Presentes os pressupostos e as circunstâncias autorizadoras, determino o sequestro/arresto dos bens móveis e imóveis (medidas assecuratórias) dos três investigados e das pessoas jurídicas a eles vinculadas, nos termos requeridos pelo Ministério Público Federal."

O bloqueio solicitado pela força-tarefa da Lava Jato atinge um lote de terreno de Mangaratiba, dois apartamentos na Lagoa, no Rio, quatro carros, uma aeronave e 870 cotas de Fundo de Investimento em Participações LSH.

Bretas determinou que as medidas assecuratórias de sequestro/arresto devem ser cumpridas mediante "sequestro de numerário mantido em instituições financeiras por meio do sistema Bacenjud, sequestro/arresto de veículos por meio do sistema Renajud, bloqueio de bens imóveis por meio da Central Nacional de Indisponibilidade de Bens (CNIB) e/ou de expedição de ofícios conforme o caso, sequestro/arresto de embarcações e aeronaves mediante expedição de ofícios à Capitania dos Portos e à ANAC".

OPERAÇÃO

Arthur Soares e sua sócia Eliane Cavalcante são alvos de mandado de prisão da Unfair Play. Nuzman foi intimado a depor nesta terça-feira. Em nota, a PF informou que 70 policiais federais cumprem dois mandados de prisão preventiva e 11 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio, na cidade do Rio de Janeiro - Leblon, Ipanema, Lagoa, Centro, São Conrado, Barra da Tijuca e Jacaré -, no município de Nova Iguaçu e em Paris.

Segundo a PF, as investigações, iniciadas há nove meses, apontam que os pagamentos teriam sido efetuados tanto diretamente com a entrega de dinheiro em espécie, como por meio da celebração de contratos de prestação de serviços fictícios e também por meio do pagamento de despesas pessoais. Além disso, teriam sido realizadas transferências bancárias no exterior para contas de doleiros.

"Os fatos apurados indicam a possibilidade de participação do dono das empresas terceirizadas em suposto esquema de corrupção internacional para a compra de votos para a escolha da capital fluminense pelo Comitê Olímpico Internacional como sede das Olimpíadas 2016, o que ensejou pedido de cooperação internacional com a França e os Estados Unidos", informou a PF. Os presos serão indiciados por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Defesa afirma que toda jornada foi "dentro da lei"

Em nota, os advogados de Nuzman afirmam que todas as movimentações do presidente do COB foram dentro da lei. "No depoimento prestado por nosso cliente, dr. Carlos Arthur Nuzman, na sede da Polícia Federal do Rio de Janeiro, foi esclarecido e reiterado que toda a jornada da Olimpíada da Cidade do Rio de Janeiro, da candidatura à Cerimônia de Encerramento, foi conduzida dentro da lei e das melhores práticas financeiras, técnicas, operacionais, esportivas e de comunicação. Por isso, os Jogos foram um sucesso reconhecido no mundo inteiro. Como não é do conhecimento dos advogados o interior teor da investigação, tão logo se conceda acesso pleno ao seu conteúdo, todas as indagações serão respondidas", diz o comunicado.

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