Por adriano.araujo

Rio - Um helicóptero das Forças Armadas sobrevoou a Favela da Rocinha, na manhã desta terça-feira, e lançou milhares de panfletos no qual é pedido a colaboração dos moradores para denunciar traficantes da comunidade.

Panfleto pede que moradores denunciem traficantesMárcio Mercante/Agência O Dia

A aeronave deu pelo menos cinco rasantes na favela e jogos os panfletos na localidade conhecida como "Roupa Suja" e onde está a sede da UPP. "Não basta ser maravilhosa, tem que ser segura. Ajude o Rio de Janeiro. Denuncie crimes e atividades suspeitas", diz o folheto. As denúncias podem ser feitas através dos 2253-1177 e 98849-6099, telefones do Disque-Denúncia. O anonimato é garantido. 

Segundo informações, os traficantes que estão na comunidade ordenaram que fossem recolhidos todos os panfletos jogados pelos militares das Forças Armadas.

Helicóptero sobrevoa a Rocinha e joga panfletos pedindo para moradores denunciarem traficantesMárcio Mercante/Agência O Dia

Mototaxistas dobram preço para descer o morro

Não bastasse a falta de acesso a serviços básicos por conta da guerra, moradores que moram na parte mais alta da favela estão pagando alto para usar o serviço de mototáxi. Com a ausência de ônibus, os mototaxistas dobraram o preço para quem vem ou vai para o alto do morro e chegam a cobrar R$ 15. O valor pago normalmente é R$ 7.

"Só peço a Deus que isso acabe logo. Não temos ônibus e se precisarmos de fazer alguma coisa fora da favela, ou descemos a pé daqui de cima ou vamos de mototáxi. Se eu precisar descer e subir vou gastar 30 reais", disse uma moradora, que não se identificou.

Moradores sofrem sem serviços de saúde

Algumas unidades de saúde da Rocinha não estão funcionando nesta terça-feira, entre elas a Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Moradores que precisam de acompanhamento e tomam medicamento controlado reclama.

"Preciso de quatro tipos de remédio, a minha pressão é muito alta. Todos eles já acabaram. Como morro lá no alto, desço devagar, nem poderia andar muito pois tenho problema nas pernas. Vim pegar meus remédios que estão acabando, mas fui avisada que está fechado por tempo indeterminado. Me disseram para ir para o Miguel Couto", disse a dona de casa Tereza Oliveira, de 61 anos.

Uma das Clínicas da Família, a Maria do Socorro, está fechada e apenas seguranças permanecem no local. O espaço atende cerca de 700 pessoas e tem 172 funcionários. O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) também não está funcionando. 

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) disse que o Centro Municipal de Saúde (CMS) e a Clínica da Família Ricardo Delamare estão funcionando e recebendo a demanda das unidades fechadas. Os moradores também podem procurar a CMS Píndaro de Carvalho Rodrigues, na Gávea.

Moradores que precisavam ir na UPA da Rocinha podem procurar a Clínica da Família Ricardo Delamare e no período da noite o Hospital Rocha Maia, em Botafogo. 

Segundo a SMS, ao longo do dia serão feitas novas avaliações sobre a possibilidade de reabertura plena das três unidades que estão neste momento com o atendimento redirecionado.

Reunião é convocada por associação 

Logo mais, ás 15h, a União Pró-Melhoramento dos Moradores da Rocinha (UPMMR) fará uma reunião — na quadra da localidade conhecida como Roupa Suja. De acordo com um comunicado entregue a moradores, o objetivo é ouvir as principais reclamações de quem vive na favela. Segundo o informativo, estarão presentes "todos os órgãos competentes envolvidos na ocupação da Rocinha". De acordo com moradores, o principal tema a ser tratado será a invasão de militares das Forças Armadas a residências. 

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