Rio - A Polícia Civil instaurou inquérito ontem, para apurar denúncia de que uma médica da Maternidade Mariana Bulhões, em Nova Iguaçu, tenha cometido lesão corporal culposa, quando não há intenção, no parto da estudante Crislayne Scala dos Santos, 16 anos. A jovem alega que teve os ossos da bacia fraturados durante o nascimento de seu filho, em 8 de outubro, e, desde sua alta médica, após 17 dias internada, não consegue mais andar.
"Na hora do parto, a médica forçou muito e sentou na cama para fazer ele sair. Quando ela fez isso eu senti um estalo. Fui para o quarto. Comecei a sentir várias dores e após alguns dias parei de andar", afirmou a adolescente. Pietro Scala, seu filho, nasceu com microcefalia.
O delegado Adriano França, da 58ª DP (Posse), vai investigar o caso. "Vamos ver se há outros registros de ocorrências envolvendo a maternidade e os médicos que fizeram o parto. Pelo que avaliamos, não se trata de uma lesão simples. Mas, só saberemos o tipo de lesão após a menina fazer o exame de corpo de delito". Caso seja constatado erro médico, o delegado vai acionar o Ministério Público e o Conselho Regional de Medicina do Rio para que seja apurada a conduta dos profissionais.
Enquanto estava internada, Crislayne foi levada ao Hospital da Posse para um Raio-x. "Falaram que não era nada grave e que ela ficaria bem, mas entreguei minha filha andando e eles me entregaram ela em uma cadeira de rodas", desabafou a mãe da jovem, Cristiane Zoni Scala, 36, que esteve ontem na delegacia.
No domingo, a menina voltou a sentir fortes dores e a família fez uma peregrinação por atendimento em hospitais. Segundo a Cristiane, inicialmente, ela foi levada para UPA do Bom Pastor, em Belford Roxo, mas não conseguiu atendimento. Seguiram então para o Hospital de Saracuruna, em Caxias, mas, segundo parentes, os profissionais alegaram que o caso era "erro médico de outra unidade" e não atenderam. Por fim, foram ao Hospital da Posse, onde especialistas comprovaram a fratura, segundo a família, mas se negaram a ficar com Crislayne, que voltou para casa.
Em nota, a Secretaria de Saúde de Nova Iguaçu alegou que a jovem "foi submetida ao parto normal, pois não havia indicação de cesariana. Como o bebê nasceu com microcefalia e baixo peso, ficou internado e a paciente foi mantida na maternidade apenas para acompanhar seu filho durante internação". No entanto, o órgão vai abrir investigação para apurar os fatos. O Hospital da Posse disse que a menina foi "reavaliada, medicada e orientada a buscar atendimento ambulatorial em seu município (Belford Roxo)". O Hospital de Saracuruna negou que a jovem tenha sido atendida lá e indicou o Hospital de Traumatologia Melchíades Calazans.