Rio - O ex-governador Anthony Garotinho, preso nesta quarta-feira, será transferido para a Cadeia Pública José Frederico Maques, em Benfica, na Zona Norte. Garotinho foi levado mais cedo para o quartel do Corpo de Bombeiros do Humaitá. A Vara de Execuções Penais, contudo, determinou que ele fosse transferido para o presídio de Benfica, para onde são levados os presos provisórios com curso superior. Lá também estão o ex-governador Sérgio Cabral, o presidente afastado da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) Jorge Picciani, e os deputados Paulo Melo e Edson Albertassi.
O ex-governador e sua mulher, a ex-governadora, Rosinha Garotinho, foram presos pela Polícia Federal na manhã desta quarta-feira. Ele foi encontrado no apartamento onde mora, na Rua Senador Vergueiro, no Flamengo, por volta das 8h. A ex-governadora foi levada da residência do casal em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. De acordo com a PF, a ação apura os crimes de corrupção, concussão (recebimento de dinheiro indevido ou obtenção de vantagens), participação em organização criminosa e falsidade na prestação das contas eleitorais.
Pelo menos 50 agentes cumpriram cinco mandados de prisão e dez mandados de busca e apreensão expedidos pelo Juízo Eleitoral de Campos, no Rio e em São Paulo. Segundo a Polícia Federal, os presos em Campos dos Goytacazes foram encaminhados aos presídios Carlos Tinoco da Fonseca (masculino) e Nilza da Silva Santos (feminino).
Nas investigações, a Polícia Federal e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) identificaram elementos que apontam que "uma grande empresa do ramo de processamento de carnes firmou contrato fraudulento com uma empresa sediada em Macaé para prestação de serviços na área de informática".
De acordo com a polícia, há a suspeita de que os serviços não eram efetivamente prestados e serviam para mascarar repasses irregulares para campanhas eleitorais. O contrato era no valor de aproximadamente R$ 3 milhões. A PF informou ainda que outros empresários denunciaram que o ex-governador cobrava propina nas licitações da Prefeitura de Campos, exigindo o pagamento para que os contratos "fossem honrados pelo poder público daquele município".
Histórico de prisões
A última prisão de ex-governador ocorreu no dia 13 de setembro enquanto ele apresentava seu programa na Tupi. Na ocasião, Cristiano Santos disse que Garotinho ficou ausente por "problemas na voz".
A prisão temporária de Garotinho havia sido determinada pelo juiz Ralph Manhães, da 100ª Zona Eleitoral de Campos dos Goytacazes, que o condenou a 9 anos e 11 meses de prisão por corrupção eleitoral, associação criminosa, coação de duas testemunhas e supressão de documentos.
A medida foi convertida em prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica. No entanto, ele conseguiu um habeas corpus no dia 26 de setembro. O relator do caso, ministro Tarcísio Vieira, entendeu ser ilegal o mandado de prisão, uma vez que a instrução do processo já foi encerrada e que o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) é de que o cumprimento da pena só pode se dar após condenação em segunda instância.
No dia 11 de novembro de 2016, Garotinho também já havia sido preso suspeito de envolvimento em um esquema de compra de votos. Segundo a polícia, uma associação criminosa foi montada para fraudar as últimas eleições no município de Campos, em que foi eleita a ex-governadora Rosinha Matheus.