“A ideia é de que esse movimento cresça como o de Copacabana. Que ele vá para Zona Norte e outras áreas também. A sociedade é plural e estamos mostrando essa pluralidade. O Estado deveria ser de fato laico e não teológico. Vivemos uma perseguição clara contra as religiões de matrizes africanas. Aqui é uma mostra que a diversidade é importante para nós. Essa é a primeira de uma série de outras que virão com certeza. Não queremos só tolerância, mas respeito”, destaca Ivanir dos Santos, interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR).
Antes da caminhada até a igreja, diversos representantes de varias religiões abriram uma ciranda de roda com rezas. Cânticos católicos, evangélicos e de matriz africana se revezavam e eram entoados a plenos pulmões. No fim, Mestre Batata fez uma roda de capoeira.
Para o pai Osvaldo de Mutalê, do candomblé, esse momento foi muito esperado. “Estou nessa luta há mais de 45 anos. Vivemos com discriminação, nós do candomblé, quem é de umbanda e de linha branca também. Esse evento veio abraçar as religiões da Zona Oeste. Hoje estamos todos sentados na mesma mesa”, comemora.
Segundo a mãe Penha, da umbanda, que já foi vítima de intolerância religiosa - em outubro, arremessaram uma pedra de 20 centímetros no teto do salão onde ela realizava uma festa de ibeijada (comemoração das crianças) - é preciso educar também as autoridades. “Os nossos delegados e inspetores não são ensinados. É um problema institucional. Independente de cor, religião, gênero ou raça. Queremos paz e respeito”, sintetiza.
O pastor Gilmar Antunes, da Igreja Contemporânea, afirma que a intolerância precisa ser banida. “Precisamos mostrar que Deus nos aceita do jeito que somos. Como a intolerância se ramifica, o combate à ela também precisa se ramificar”, defende Antunes. Segundo Marcelo Medeiros, coordenador do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos (CEBI), movimento popular, é preciso respeito entre todos. “A nossa reflexão é de defesa pela vida e luta contra intolerância”, acredita.
O bispo da Igreja Mórmon, Gilmar Garcez, diz que todos os seres humanos são filhos de Deus e pertencentes à mesma família. E que precisam se aceitar. “E que as diferenças, que existem, e nós sabemos, não podem ser mais fortes do que as semelhanças, que são imensas”, decreta.
“Os ataques sofridos por outras religiões não representa o meio evangélico. Muitos de nós nos posicionamos contra isso. O exemplo deve ser seguido por todos”, afirma pastor Vítor Louredo, da Igreja Evangélica Gae Missões Urbanas.
Para o padre André Luiz, da Igreja Nossa Senhora da Conceição do Monteiro, em Campo Grande, diz que a intolerância não vem de Deus. “Ele (Deus) não faz seleção de pessoas. A proposta Dele é salvar as pessoas. A nossa ideia é que essa inciativa se espalhe”, torce.