Ação Maio Amarelo, em Duque de Caxias
Ação Maio Amarelo, em Duque de CaxiasDivulgação
Por O Dia
Rio - No mês de conscientização para redução de acidentes de trânsito, o Maio Amarelo, o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), no Rio de Janeiro, faz um alerta sobre o alto número de atendimentos a vítimas de acidentes no trânsito. No Into, das internações de jovens e adultos (de 18 a 65 anos), 70% dos casos são de pessoas envolvidas em acidentes com carro ou motocicleta.
Para o chefe do Centro de Trauma Ortopédico do Instituto, Carlos Alexandre de Oliveira, a principal causa desses acidentes, apesar de toda a fiscalização e campanhas de conscientização realizadas, ainda é a imprudência. "O melhor tratamento é a prevenção, mas ainda há muita irresponsabilidade no trânsito. Medidas simples como respeitar a sinalização, evitar uma ultrapassagem desnecessária, não dirigir após a ingestão de bebidas alcoólicas são fundamentais para evitar esse tipo de acidente", ressaltou o ortopedista.
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Histórias como a da técnica de enfermagem, Vanessa Andrade, de 40 anos, se repetem. Ela havia acabado de sair do plantão quando foi surpreendida por um carro na contramão. Vanessa sofreu uma fratura múltipla de fêmur e perdeu 60% da mobilidade do joelho. "Vai completar um ano que a minha vida parou. É o segundo Dia das Mães que eu passo longe dos meus filhos. Perdi muitos momentos da minha vida aqui, eu me tornei vovó em outubro do ano passado e também não pude ver o nascimento da minha neta", contou Vanessa.
A profissional de saúde revelou, ainda, que o acidente também trouxe consequências psicológicas. "Eu demorei muito a aceitar a minha nova condição porque eu era uma pessoa muito ativa. Cheguei até a recusar o tratamento no início, fiquei muito transtornada. Eu já tive depressão antes do acidente e depois do que aconteceu voltei a ficar depressiva, a ter síndrome do pânico e crises de ansiedade", explicou.
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Vanessa não foi a única que teve a vida impactada por conta de um acidente de trânsito e necessitou de ajuda psicológica e suporte emocional para enfrentar a situação. Marize de Oliveira Pinho, de 45 anos, coordenadora de feiras livres na cidade de Maricá, estava de carona com uma amiga a caminho da escola da filha, quando colidiu com um caminhão. Além das lesões no maxilar e no tornozelo, Marize também fraturou o fêmur.
"É uma situação muito difícil porque, além da consequência física do acidente, você também precisa lidar com o impacto emocional. Em alguns momentos durante a internação, tive crises de ansiedade severas e o acompanhamento psicológico foi fundamental para poder suportar tudo isso", relatou Marize.
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No Into, os pacientes que são vítimas de acidente de trânsito recebem a oferta de tratamento psicológico desde o momento da internação. As psicólogas Ana Beatriz Rocha e Layla Mandelbaum, do Centro de Trauma Adulto do Instituto, explicam a importância desse tipo de acompanhamento.
"É uma situação de ruptura na vida do paciente, um episódio que interrompe a vida dele em muitos aspectos. Muitas vezes, a pessoa precisa lidar com a perda de um familiar no acidente ou se vê impedida de exercer a atividade laboral que praticava antes", contou Ana Beatriz.
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Entre as principais consequências psicológicas que o acidente provoca na vida do paciente, a profissional cita os transtornos de ansiedade, as crises de angústia e o estresse pós-traumático, quando a pessoa revive as cenas do trauma. Ela explica que os sintomas são comuns quando a internação é mais longa.
Para a psicóloga Layla Mandelbaum, o acolhimento é fundamental na recuperação desses pacientes. "O cuidado é integral, não passa apenas pela lesão em si. Além da fratura física, existe o sofrimento psíquico e uma série de desdobramentos na vida da pessoa. Então, é muito importante que o paciente receba esse suporte emocional", ressaltou Layla.