Sepultamento da vereadora Marielle Franco - Alexandre Brum / Agencia O Dia
Sepultamento da vereadora Marielle FrancoAlexandre Brum / Agencia O Dia
Por GUSTAVO RIBEIRO

Rio - Parentes e amigos da vereadora Marielle Franco se despediram da parlamentar na tarde desta quinta-feira. O sepultamento foi no Cemitério do Caju, na Zona Norte do Rio. Sob forte comoção, os familiares rezaram e pediram por Justiça. "Marielle Franco presente, agora e sempre" foi o grito clamado após a oração do Pai Nosso na entrada do cemitério. A parlamentar foi morta na noite da última quarta-feira, no bairro do Estácio, região Central do Rio. O motorista do veículo, Anderson Pedro Mathias Gomes, também morreu.

A irmã da vereadora, Anielle conversou com a imprensa. "No dia anterior ao crime parecia até que ela (Marielle) estava pressentindo, porque ela mandou uma foto para mim da Igreja de São Jorge e falou assim: 'Para você não esquecer da gente estar sempre junta'", relatou.

A atriz Zezé Motta também foi ao cemitério acompanhar o sepultamento. "Não podemos desanimar. A gente tem é que lutar, denunciar. Vejo nela uma mártir na causa, uma mártir brasileira. Do jeito que tá, acho que a gente está fazendo pouco. Acho que ela vai despertar uma coisa em todos nós, que a gente vai acordar todos os dias para fazer alguma coisa para mudar isso. Infelizmente custou a vida dela", disse muito emocionada.

O sepultamento foi feito pelo padre Geraldo Natalino, da paróquia Santa Bernadete e Capela São Daniel, em Manguinhos. O padre, engajado em causas sociais, segundo moradores da comunidade, fez um discurso firme em protesto contra a perseguição de favelados por poderosos.

Estiverem presentes políticos como o vereador Jorge Felippe; presidente da Câmara, Jones Moura; membro da comissão de representação da intervenção federal na Câmara, o correligionário Tarcísio Motta; a deputada federal Benedita da Silva, além de representantes de movimentos das mulheres, moradores e líderes comunitários de favelas onde Marielle exerceu importante ativismo como Manguinhos, Acari e Maré. Já o motorista Anderson Pedro foi enterrado no Cemitério de Inhaúma, também na Zona Norte. 

Sepultamento da vereadora Marielle Franco - Alexandre Brum / Agencia O Dia

"O Rio esta passando por uma situação que exige pronta resposta. Nós aguardamos que a polícia tome as medidas necessárias para apurar. A violência foi perpetrada não apenas contra a Marielle, mas contra o simbolismo que ela representa. A luta, a perseverança do estado democrático de direito, a defesa pelos mais necessitados, a luta contra as injustiças sociais e certamente vamos acompanhar de perto todo o trabalho da polícia", comentou Jorge Felippe. 

Humana e acessível

O ativista Pablo Rodrigues, que atuou como líder comunitário na Favela de Acari, destacou que Marielle era uma pessoa humana e sempre à disposição de todos que quisessem conversar com ela em seu gabinete. Reforçou também sua característica solidária. "No Dia das Crianças do ano passado, a vereadora presenteou com bolo e refrigerante cerca de 300 crianças em uma festa realizada em Acari", disse. 

Para Michele Lacerda, da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, Marielle respeitava todas as crenças e a todos. "Ela foi criada dentro do catolicismo com a família. Foi crismada, batizada, casou. Ela fez todos os segmentos dentro do catolicismo, mas sempre foi uma pessoa muito ampla. Aceitava e recebia qualquer religião de braços abertos. Ela não tinha problema se tivesse que ir a um terreiro ou se tivesse que ir a um culto da igreja Universal. Sempre fechou os olhos e rezou para o Deus dela. Sempre abraçou e respeitou qualquer tipo de culto religioso", comentou.

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