Rio - O Exército foi solicitado para ajudar na reprodução simulada das mortes da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Pedro Gomes. Os preparativos começaram por volta das 10h desta quinta-feira. Militares trabalham nas esquina das ruas Joaquim Palhares e João Paulo I, no Estácio, onde ocorreu o crime. Dez caminhões, escavadeiras e um ônibus do Exército estão estacionados em um imóvel da Rua João Paulo I. Com o trabalho dos militares, uma das faixas da via está parcialmente interditada. A reconstituição está marcada para as 22h, com bloqueios em ruas do entorno a partir das 20h. A simulação será feita pela Delegacia de Homicídios (DH) da Capital, com o apoio logístico do Comando Conjunto de Segurança.
O porta-voz do Comando Militar do Leste (CML), coronel Carlos Frederico Cinelli afirmou que o Exército foi procurado pela Polícia Civil para dar apoio logístico á reprodução. "Fomos solicitado para ajudar e essa demanda precisa de muitos homens. São cerca de 200 trabalhando no local. Sacos de areia estão sendo posicionados para servirem como um anteparo, igual a um estande de tiros, para não comprometer a segurança das pessoas que vão participar da reconstituição, já que os agentes vão utilizar balas verdadeiras durante a reprodução", disse Cinelli.
Os militares usaram lonas de plástico escuro para cobrir muros e grades próximas de onde o carro da vereadora foi atacado. "O objetivo da lona é para imprensa e curiosos não terem acesso", completou Cinelli.
Como durante a reprodução simulada, serão usadas armas e munições de verdade, toda a área naquele entorno será bloqueada para o acesso de pedestres e veículos. As ruas Joaquim Palhares, João Paulo I e Estácio de Sá serão interditadas as 20h e só será desbloqueada após a finalização dos trabalhos da DH. Na rua João Paulo I, ativistas colaram um adesivo com a frase: Rua Marielle Franco.
A assessora de imprensa de Marielle, que estava no carro com a vereadora e o motorista no momento dos tiros, participará da reconstituição. Por questões de segurança a mulher deixou o país. No entanto, voltou apenas para participar da reprodução.
No início da noite desta quinta-feira, os agentes percorrerão o trajeto feito pelo carro em que a parlamentar estava desde a Câmara dos Vereadores, a Casa das Pretas, na Lapa, até o local onde ela e Anderson foram executados, no Estácio, perto da sede da Prefeitura.
Quase 60 dias após os assassinatos, a investigação da DH ainda quer tirar dúvidas sobre o crime. Os disparos de verdade é para que as testemunhas possam identificar se foram as armas de determinado calibre que foram utilizadas no crime. A data para a reprodução foi agendada no final de abril. Na época, o secretário de Segurança Pública, o general Richard Nunes, afirmou que a demora desta reprodução era devido a complexidade do trabalho, que vai incluir disparos reais de arma de fogo, efetuados numa via pública. As condições meteorológicas também foram levadas em conta, uma vez que devem ser similares às do dia do crime.