A administradora Priscila Berçot, em passeio no Boulevard, reclamou da falta de comércio e informação - Severino Silva
A administradora Priscila Berçot, em passeio no Boulevard, reclamou da falta de comércio e informaçãoSeverino Silva
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - O prometido projeto de revitalização da Zona Portuária parece um sonho ainda distante de se realizar. Com ruas desertas, galpões abandonados, obras paradas e empreendimentos fechados, a região é a que tem o maior número de imóveis desocupados, segundo levantamento da Apsa, empresa de gestão condominial e negócios imobiliários. 

O levantamento indica que 81% dos imóveis corporativos de alto padrão, construídos dentro do projeto do Porto Maravilha, estão vagos. Se forem considerados os imóveis antigos, a vacância é de 40%. Em um dos prédios novos da região, 21 andares estão vazios desde maio do ano passado.

Entre 2012 e 2016, mais de dez hotéis de grande e pequeno portes se instalaram ali, com a esperança de revitalização da área. Porém, dois anos depois dos Jogos Olímpicos, em meio a galpões abandonados, muitos empresários deixaram o lugar. Gerente de uma rede de hotéis, a Intercity Porto Maravilha, Paloma Silva conta que a taxa de ocupação do estabelecimento é de 40%.

"Quando escolhemos essa região encontramos um atrativo muito interessante. Estamos perto dos dois aeroportos, da rodoviária, das zonas Sul e Norte, além do Cristo e Pão de Açúcar. No entanto, sofremos com a falta de alguns atrativos, como comércio variado para os nossos hóspedes. A nossa expectativa é crescer, mas para isso precisamos de investimentos dos órgãos públicos".

PREVISÃO DE MELHORIA

A Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio (Cdurp) alega que o mercado imobiliário já dá sinais de melhora e, por isso, a ocupação da área vai aumentar. Segundo a companhia, com a compra do edifício Port Corporate pela Bradesco Seguros, que deve migrar para a região no segundo semestre deste ano, a taxa de vacância nos novos empreendimentos vai cair para 63%.

"E o Aqwa Corporate, prédio em frente à Cidade do Samba, já movimenta suas negociações com a ida de um grande escritório de advocacia norte-americano para o edifício", acrescentou a Cdurp em nota.

E não são só os imóveis comerciais que estão vazios. De acordo com o levantamento da Apsa, quase 90% residências estão vagas. Por conta da baixa procura, a área é a mais barata do Rio para aluguel: R$ 88 o metro quadrado.

Quem visita a Região Portuária pela primeira vez se surpreende com a falta de infraestrutura. "Pela televisão o local é mais cativante. Cheguei aqui e não tem nada. Sem comércios e sem ninguém para nos dar informações. Fiquei frustrada", disse a administradora Priscila Berçot, de 29 anos, durante passeio no Boulevard.

Na tentativa de revitalizar a região, foram consumidos mais de R$ 10 bilhões na maior Parceria Público-Privada (PPP) do país. "Este gasto não veio da prefeitura e sim da compra de Certificados do Potencial Adicional de Construção, as Cepacs (títulos usados para financiar operações urbanas consorciadas que recuperam áreas degradadas nas cidades)", informou, em nota, a prefeitura. Segundo o município, do total, já foram investidos R$ 5 bilhões e outros R$ 5 bilhões serão utilizados na região até o fim da operação, com duração até 2026.

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