Soraia Macedo de Lemos levou um tiro na cabeça durante assalto na Ilha, na noite de terça-feira - Arquivo Pessoal
Soraia Macedo de Lemos levou um tiro na cabeça durante assalto na Ilha, na noite de terça-feiraArquivo Pessoal
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - A mãe da adolescente Soraia Macedo de Lemos, 17 anos, morta com um tiro na cabeça na noite desta terça-feira na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio, após ter o celular roubado por bandidos, fez um longo e emocionante desabafo em uma rede social, na madrugada desta quarta-feira.  

"Filha, sempre quis o melhor para você. Te abracei sempre que precisou dos meus abraços. Tentei te dar meu melhor. Choramos e rimos juntas. Te aconselhei em tudo em sua vida. Sempre tive orgulho de ter você como filha. Sou muito apaixonada por você. Parece que é mentira que vou acordar e não te ver mais. A ficha ainda não caiu. Meu eterno chorinho, minha menina boba levada. Arrancaram um pedaço de mim. Não sei o que vai ser de mim agora. Apenas 17 anos sonhando em ficar de maior. Uma menina cheia de esperança e com um futuro brilhante pela frente", lamentou Cristiane, mãe de Soraia.

Segundo informações, a adolescente estava a cerca de 300 metros do Colégio Estadual Professora Maria de Lourdes de Oliveira Tia Lavor, que fica na Rua Sargento João Lopes, para onde seguia com a namorada para estudar, por volta das 19h. As duas usavam fones de ouvido quando foram abordadas pelos bandidos em uma moto, na Rua Estocolmo.

Soraia entregou o aparelho, mas os bandidos dispensaram quando viram se tratar de um iPhone e pediram o smartphone da outra jovem, que teria demorado a entregar. Os criminosos acabaram disparando, atingindo a vítima na cabeça. Ela chegou a ser socorrida ao Hospital Municipal Evandro Freire, no mesmo bairro, mas não resistiu aos ferimentos. O crime aconteceu próximo ao , na Rua Sargento João Lópes.

Agentes da Delegacia de Homicídios da Capital (DH) foram acionados e estiveram no local local. Os policiais buscam imagens de câmeras de segurança e testemunhas que possam ajudar a identificar os autores do crime.

'Boa aluna, cheia de sonhos', diz diretora de colégio

Soraia estava no último ano do Ensino Médio e tinha sonhos de fazer faculdade. É o que conta Lilian Arnaus, de 48 anos, que há cinco é diretora do colégio onde a adolescente estudava. Ela revela ter ficado em choque com a informação da morte da jovem. 

"Ontem (terça) quando recebi essa notícia foi um baque muito grande. É uma violência sem motivo. Somos solidários com os pais, a nossa dor pela perda da Soraia é igual. Ela era uma boa aluna, tinha sonhos como todo estudante, queria fazer faculdade", disse Lilian. 

A unidade educacional conta com 1.852 alunos e costuma trabalhar com o tema da violência nas salas de aula.

'Um celular vale mais que uma vida', diz morador da região

A rua onde a jovem Soraia foi baleada fica no bairro Jardim Carioca, considerado um bairro de classe média, com casas grandes e prédios residenciais. Os moradores reclamam que de um ano para cá a violência cresceu na região e tem tirado a tranquilidade da até então pacata região.

A professora aposentada Silma da Costa Amorim, de 60 anos, foi morar no bairro há 10 anos, acompanhando o marido militar. Ela, que veio de Petrópolis, pensar em deixar a região e lamentou a morte da jovem "por um celular".

"Está horrível, não tem policiamento aqui, você só vê no jardim Guanabara. Aqui e em qualquer lugar do Rio um celular vale mais que uma vida. Há uma semana, fecharam a Linha Amarela e fiquei presa com meu netinho de 2 anos no carro. Eu vim para cá porque meu marido foi trocado, mas não aguento mais aqui, quero sair. Vou para a Região dos Lagos o mais rápido que eu puder", dissse.

Quem trabalha na região também reclama da escalada de crimes. "A violência cresceu assustadoramente na região. De um ano para cá tem assalto todo dia, a qualquer hora do dia", disse um comerciante.

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