Rio - Rádio, jornal, TV, revista... Poucos são os jornalistas que passam por tantos meios de comunicação e deixam sua marca pessoal, seja pela qualidade do conteúdo produzido, seja pelo comportamento ético. Assim era Ramiro Alves, que morreu, hoje, em casa, de câncer, aos 59 anos.
Ramiro foi diretor de redação de O DIA, Meia Hora e Brasil Econômico, de 2012 a 2015. "O entusiasmo que despejava em tudo o que fazia contagiou todos os profissionais que chefiou. Se entregou à vida com alegria e vibração, assim como à profissão que abraçou", recorda Francisco Alves Filho, editor-chefe de O DIA.
Com vasta experiência em redações do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, Ramiro notabilizou-se tanto pelo profissionalismo que, naturalmente, o conduziu a cargos de relevância nas empresas por onde passou, quanto pelo carinho e alegria que eram a sua marca.
“Ramiro Alves era uma festa”, resume o jornalista Aziz Filho, sócio de Ramiro. “Não conheci alguém tão apaixonado por tudo e tão feliz nas redações, nos blocos de carnaval, nos casamentos, na relação com os dois filhos adorados, nas inúmeras amizades que fez por onde passou. Com ele, não tinha essa conversa de copo meio cheio ou meio vazio, estava sempre transbordando”.
Ramiro teve, ainda jovem, suas primeiras funções de chefia na Rádio Jornal do Brasil, onde foi editor, chefe de reportagem e repórter, entre 1981 e 1985. Atuou na cobertura das primeiras eleições democráticas para governador de estado, em 1982, após a ruptura causada pelo golpe militar de 1964. Chefiou também a reportagem da TVE, de março a dezembro de 1986, ano em que foram eleitos os integrantes da Assembleia Nacional Constituinte, sob o efeito da popularidade do Plano Cruzado, no governo José Sarney.
Foi editor de Política, chefe de reportagem e repórter especial do jornal Tribuna da Imprensa. Chegou ao jornal O Globo no ano das primeiras eleições presidenciais, 1989, e ali ficou até abril de 1997. Foi editor de Política no Rio, chefe da sucursal de São Paulo e coordenador de Política em Brasília.
Ramiro também foi editor regional da Rede Bandeirantes, no Rio, até outubro de 1997, quando saiu para ser editor de Política da revista IstoÉ, em São Paulo, da qual desligou-se em novembro de 2005, para um novo voo em sua carreira: virou assessor especial do ministro da Fazenda, em Brasília.
Não ficou muito tempo distante das redações. Em fevereiro de 2007, voltou ao jornalismo para dirigir o diário Brasil Econômico, no Rio de Janeiro. Passou a diretor de Redação deste jornal, juntamente com O DIA e o Meia Hora, em julho de 2012. Em junho de 2013, tornou-se Publisher do Grupo Ejesa, que editava os três veículos. Ocupou essa função até dezembro de 2015, quando, mais uma vez, foi convidado para o Ministério da Fazenda, desta vez pelo ministro Nelson Barbosa. “Ramiro foi um grande profissional e um excelente amigo. Além de ótimo jornalista, era dono de um bom humor contagiante”, lembra Barbosa, para quem Ramiro era muito mais do que um assessor. “Ele sempre nos ajudou muito, especialmente naquele período turbulento que a gente enfrentou. Eu tive muita sorte de tê-lo trabalhando comigo. Era um conselheiro e um amigo”.
Sua última atuação foi como sócio da Avenida Comunicação, especializada em consultoria em campanhas eleitorais e editora do site Diário do Porto, de negócios e cultura cariocas.
Ramiro Alves nasceu em 18 de agosto de 1958, no Rio de Janeiro, torcia pelo Flamengo, era diretor do bloco de carnaval Imprensa Que Eu Gamo, amante do samba, da bossa nova e de todas as carioquices. Um defensor apaixonado do Rio de Janeiro e sua cultura.
Tinha dois filhos jornalistas, Raoni Alves e Tainá Louven, e uma neta, Alice, de dois anos. A companheira, Inês Garçoni, também jornalista, esteve sempre ao lado de Ramiro na luta contra a doença. Ele deixa uma legião de amigos e admiradores pelas redações nas quais trabalhou.
