Caminhoneiros protestam contra elevação no preço do diesel na rodovia BR-040, em Duque de Caxias. - Agência Brasil
Caminhoneiros protestam contra elevação no preço do diesel na rodovia BR-040, em Duque de Caxias.Agência Brasil
Por NADEDJA CALADO

Rio - A greve dos caminhoneiros continua em todo o país, e os cariocas sentem fortemente os impactos da paralisação: transportes, comércio e serviços públicos foram afetados. Confira os reflexos do movimento na cidade e no estado do Rio de Janeiro durante a paralisação.

TRANSPORTES PÚBLICOS:

- Ônibus: De acordo com o Rio Ônibus, a falta de óleo diesel fez com que apenas 67% da frota rodoviária circulasse nesta quinta-feira, e as empresas estão sob risco de falta tortal de combustível. Os pontos de ônibus ficaram lotados, e passageiros chegaram a esperar duas horas pelos coletivos.

- BRT: No BRT, houve contingenciamento de 50% da frota de articulados, e a concessionária fechou diversas estações em dois corredores do sistema. No TransCarioca ficou fechado o trecho entre Madureira e o Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão. No TransOeste, todas as estações na Avenida Cesário de Melo também não abriram. Coletivos lotados e muita espera nas estações marcaram o dia de hoje. A partir das 16h, o Consórcio afirmou que foi necessário fazer um novo ajuste da frota, com aumento dos intervalos: "a recomendação é que o passageiro se prepare na volta para casa: antecipe o embarque ou espere o fim do horário de pico".

- Barcas: A falta de combustível também afeta a operação do transporte aquaviário - a CCR Barcas informou que o trajeto entre o Rio de Janeiro e Niterói será interrompido neste fim de semana. Diversos horários de embarque nas linhas Charitas - Praça XV; Cocotá - Praça XV e Paquetá - Praça XV também foram cancelados.

- Vans: Com poucos ônibus circulando devido à falta de combustível, motoristas de vans aproveitaram para elevar o preço da passagem de R$3,60 para R$5. Veículos que fazem os trajetos Pavuna-Bonsucesso, Iapi-Penha e Madureira-Centro adotaram a cobrança abusiva, que representa um aumento de 42,8%. Procurada, a Secretaria Municipal de Transportes disse que destacaria uma equipe para fiscalização da irregularidade.

- MetrôRio e SuperVia: a Secretaria Municipal de Transportes recomendou que a população dê prioridade aos meios de transporte de massa, que foram notificados da possibilidade de aumento da demanda. As duas concessionárias informaram que as operações seguem normalmente.

AVIAÇÃO E AEROPORTOS:

A Infraero afirmou que atua para minimizar os problemas decorrentes da paralisação. Os aeroportos Rio Galeão e Santos Dumont ainda não foram afetados por falta de combustível. A recomendação é de que os passageiros cheguem mais cedo aos aeroportos, devido ao risco de manifestações. Os viajantes também devem acompanhar os status de seus vôos pela internet.

ALIMENTAÇÃO:

Ceasa: Nesta quinta-feira, 95% das lojas ficaram fechadas na Ceasa. Segundo os comerciantes, o aluguel de uma loja pequena na central de distribuição custa R$ 5 mil. Diante da falta de clientes e movimento, alguns funcionários que ainda não foram dispensados improvisaram um churrasco e uma partida de futebol nas ruas da Ceasa.

Supermercados: A Associação Brasileira de Supermercados (Abras), em nota, disse que os reflexos já são sentidos nos supermercados. As unidades estão tendo dificuldades para se reabastecer com produtos perecíveis. A Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj) disse que grandes redes de supermercados, com galpões próprios, terão mais facilidade; mas pequenos varejistas podem ter problemas. "A Asserj espera por soluções imediatas para que a população fluminense não sofra com a falta de produtos de necessidade básica", diz a instituição, em nota.

Em todo o Brasil, a rede de supermercados Carrefour estabeleceu um limite de aquisição de cinco unidades de um mesmo item por compra. Grandes redes, como Hortifruti e Extra colocaram placas com avisos sobre a dificuldade de reposição de determinados produtos. A Rede Mundial também disse estar tendo dificuldades na reposição de produtos frescos nas prateleiras.  

SERVIÇOS PÚBLICOS:

- Comlurb: Em nota, a Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb) disse que tem tido seu trabalho prejudicado e vem encontrando dificuldades para abastecer os caminhões. Além disso, quinze caminhões tiveram os vidros danificados devido a piquetes. "A prioridade é a coleta domiciliar, que está sendo feita normalmente", diz a nota da empresa. O lixo chega normalmente às cinco Centrais de Transferência de Resíduos, mas piquetes e bloqueios estão causando dificuldades no transporte dos caminhões até o Centro de Tratamento de Resíduos (CTR-Rio), em Seropédica, na Baixada Fluminense

- Cedae: A Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) informou que os bloqueios de carretas nas estradas causam dificuldade de entrega de produtos químicos para o tratamento de água em estações. A empresa pede que a população economize água até que a entrega dos produtos seja normalizada.

- Light: A empresa de energia elétrica informou que vai restringir os serviços por conta da crise dos combustíveis. Apenas serviços essenciais e emergenciais devem ser prestados. O objetivo, segundo a empresa, é economizar o combustível dos veículos. O fornecimento de energia não deve ser afetado. Entre os serviços que deixarão de ser feitos estão os que são agendados, como instalações de relógios de luz e reparos na rede que não oferecem riscos. "A Light conta com a compreensão de todos os seus clientes", disse em nota.

- Correios: A empresa suspendeu a postagem de Sedex com hora marcada, e aceita postagem de encomendas Sedex convencional e PAC, mas foram acrescidos cinco dias úteis ao prazo de entrega. O aumento também vale para serviços internacionais, malotes, cartas, FAC, impressos, mala direta, e outros serviços. Em todo o país, não foram entregues 34% das encomendas e 27% das correspondências previstas ontem.

Passageiros enfrentam demora nos pontos de ônibus - Severino Silva / Agência O DIA

SEGURANÇA:

A Polícia Militar informou que o patrulhamento ostensivo funciona sem alterações até o momento. A Polícia Civil também disse que o abastecimento das viaturas encontra-se normal.

VALORES:

Os caixas eletrônicos também podem ficar desabastecidos de dinheiro durante a paralisação. Segundo o Sindiforte, dos empregados em Transportes de Valores, Carro-forte e Escolta Armada, os carros têm estoque até o próximo domingo. O abastecimento pode ser comprometido caso a greve dure até a segunda-feira. A empresa TecBan, responsável pelos caixas 24h, também afirmou que pode haver suspensão do abastecimento dos caixas eletrônicos.

SAÚDE E EDUCAÇÃO:

Escolas municipais e estaduais não foram afetadas pelo desabastecimento até o momento, segundo as Secretarias responsáveis. O mesmo vale para as unidades de saúde do município e do estado.

UNIVERSIDADES:

A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), a Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha) e a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) cancelaram as aulas desta quinta-feira. A Universidade Federal Fluminense (UFF) disse que não se posicionaria sobre o cancelamento das aulas, e que a questão fica a critério de cada professor. A Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), a Universidade Veiga de Almeida, a Pontifícia Universidade Católica (PUC) e a Estácio de Sá funcionam normalmente.

 

 

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