Marisa Coelho de Melo se arriscou pelas pistas do BRT para poder chegar no trabalho na Barra da Tijuca - Foto: Daniel Castelo Branco
Marisa Coelho de Melo se arriscou pelas pistas do BRT para poder chegar no trabalho na Barra da TijucaFoto: Daniel Castelo Branco
Por O Dia

Rio - Alunos da rede municipal de ensino do Rio serão prejudicados pela continuidade da paralisação dos caminhoneiros, que ontem completou seis dias. O prefeito Marcelo Crivella informou que se o movimento não for suspenso, o município terá que suspender, a partir de terça-feira, as atividades das escolas, deixando 650 mil estudantes sem aulas. O motivo é que, segundo o secretário da Casa Civil, Paulo Messina, só há garantia de merenda até amanhã. Ponto facultativo será decretado. Crivella disse que a prefeitura vai à Justiça para desobstruir as vias se a paralisação não acabar até amanhã.

Já a rede estadual não deverá suspender as aulas. Segundo a Secretaria de Educação, o governo tem merenda merenda suficiente. "Trabalhamos com estoque nas escolas e cada diretor tem a autônima para fazer as compras que precisar. Caso algo acabe, o responsável pela unidade escolar pode adaptar o cardápio",explica o secretário da pasta, Wagner Victer.

Sem transporte

Ao longo do dia, quem precisou de transporte público, como BRT e ônibus, praticamente ficou a pé. As empresas colocaram apenas 23% da frota para rodar. Nenhuma composição do BRT circulou durante o dia. Algumas (28) foram para rua apenas no fim da tarde, depois que o Batalhão de Choque (BPChq) passou pelo bloqueio e escoltou cinco caminhões-tanques na BR-040, com 40 mil litros cada um, na região da distribuidora Raizen, da Shell, ao lado da Reduc, na Baixada.

Segundo a PM, o combustível foi para o BRT. A diretora institucional, Suzy Balloussier, informou que as linhas Transoeste (da Barra a Campo Grande) e Transolímpica (de Deodoro à Barra) seriam priorizadas. O secretário de Segurança, Richard Nunes, chegou a responsabilizar o consórcio pela demora em escoltar combustível. Segundo ele, "o BRT solicitou na sexta-feira escolta para cinco cisternas."Não puderam sair por problema de pagamento. Quando resolveram, fizemos", disse. Em nota, o consórcio informou que 'não faz compras de combustível, não tem tanque para estocar combustível e desconhece qualquer falta de pagamento'.

O secretário garantiu que todas as escoltas solicitadas para transporte de combustível foram atendidas. "Trabalhamos mediante demanda, estamos a postos aguardando os pedidos. Tudo que for solicitado, será escoltado." Ele disse que por volta de 12h40 de ontem, a Rio Ônibus fez um pedido para o transporte de combustível para ônibus convencionais.

O DIA flagrou uma cena que em dias normais seria impossível, na Avenida das Américas, próximo a estação Paulo Malta Resende, do BRT. Sem ter como ir para o trabalho de transporte público, a cadeirante Marisa de Mello, 53 anos, percorreu por 30 minutos a pista em sua cadeira motorizada para chegar ao trabalho em um shopping da Barra. "Não tinha ônibus, então, entrei aqui na pista e vim", disse.

Decreto publicado

 

O governo editou decreto, em edição extra do DO da União ontem, que "autoriza a requisição de veículos particulares necessários ao transporte rodoviário de cargas consideradas essenciais pelas autoridades".

Angra dos Reis decretou situação de emergência pública. Todos os postos de abastecimento estão sem combustível. A prefeitura ressaltou que a situação coloca em risco o Plano de Emergência das usinas nucleares que podem ser desligadas.

Feiras estão com preços nas alturas
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Quem foi à feira sentiu no bolso o impacto da paralisação dos caminhoneiros. Ontem pela manhã, na Lapa, havia barracas com poucas frutas e legumes, mas com preços para lá de salgados. Um pé de alface, por exemplo, era vendido a R$ 10, e o quilo do tomada custava R$15. Frequentador da feira há um ano, o estudante Guilherme Gomes, 21, se assustou ao ver o local vazio e com a falta de produtos.
"Estamos comprando verduras e legumes dez vezes mais caros do que no último fim de semana", lembra.
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No Bairro de Fátima, a reclamação era grande também. "Hoje (ontem) está tudo muito caro. Pagamos mais de R$15 em poucos tomates. Com R$60 na última semana eu já tinha comprado muita coisa. Agora, com o mesmo valor só consegui levar um saco de cenoura, um cacho de banana, milho e pimentão", disse Gracimar Bento, 48, que por conta do racionamento fez compra grande e estocou produtos como arroz, feijão e carne.
Os feirantes justificavam a alta do preço pelo fato de terem comprado os produtos bem mais caros. "Só comprei uma caixa de tomate na Ceasa. Paguei hoje (ontem) R$ 150. Trabalhamos com mais de quatro caixas por feira. Teremos que repassar a alta para o cliente", disse a feirante Juracir Paiva, 57,que comercializa no local há 30 anos.
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Problema para coletar lixo
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A Prefeitura do Rio também alertou que a Comlurb enfrentará problemas após o fim de semana. "Peço que segunda-feira (amanhã), se a greve for mantida, a população produza menos lixo e o mantenha em casa", disse O prefeito Marcelo Crivella.
Ele pediu ao governo e ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea) para conseguir liminar para que o município possa descartar, temporariamente, o lixo em Gramacho, que está fechado. Com a normalização do abastecimento de combustível, a prefeitura encaminharia os detritos à Seropédica.
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Os hospitais também estão sendo afetados. Em nota, a Associação Nacional de Hospitais Privados cogita adiar cirurgias eletivas para garantir os serviços de urgência.
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