Rio - O ex-secretário de Obras da prefeitura do Rio na gestão passada, Alexandre Pinto, admitiu que recebeu propina superior a R$ 1 milhão das empreiteiras Carioca Engenharia e OAS durante as obras que antecederam os Jogos Olímpicos. Interrogado nesta quarta-feira pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, Pinto preferiu manter silêncio quando perguntado quem eram as outras pessoas que recebiam propinas. Ele alegou que teme pela segurança de sua família.
“Da Carioca, recebi em torno de R$ 750 mil, referentes à Transcarioca (corredor expresso de ônibus) e mais R$ 60 mil da (despoluição da) Bacia de Jacarepaguá. Da OAS, quando chegou em minhas mãos, já veio um valor dividido pelo meu subsecretário, Vagner Pereira. Eu acredito que minha parte tenha chegado a R$ 250 mil, R$ 300 mil”, disse Pinto, que recebeu mais de R$ 1 milhão, segundo seus próprios cálculos.
Perguntado por Bretas para quem mais ia o restante do dinheiro, o ex-secretário, que estava acompanhado de sua defesa, preferiu não se pronunciar. “Excelência, eu estou dentro do sistema prisional. Não me sinto confortável, com receio de que algo possa acontecer com minha família. Prefiro ficar em silêncio”, disse.
Evitar empecilhos
Além dele, foram interrogados outros funcionários da secretaria, encarregados pela fiscalização das obras. Alzamir Freitas admitiu que recebeu de propina, para ele e seu grupo, algo em torno de R$ 5 milhões de empreiteiras com objetivo de que não houvesse empecilhos ao andamento dos projetos.
Outro fiscal, Ricardo da Cruz Falcão, negou que tivesse recebido propinas. Assim como Eduardo Fagundes de Carvalho, que era gerente de obras. Ambos creditaram as acusações feitas por delatores a desavenças pessoais e para obtenção de vantagens nas colaborações premiadas.