Médico Denis Cesar Barros Furtado - Reprodução / Internet
Médico Denis Cesar Barros FurtadoReprodução / Internet
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - Pelo menos duas pessoas desistiram de realizar o procedimento estético com o médico Denis Cesar Barros Furtado, conhecido como Doutor Bumbum nas redes sociais, após descobrirem que o implante seria realizado em uma residência e não em uma clínica adequada. Uma delas já tinha registrado o caso na 16ª DP (Barra), que hoje investiga a morte de Lilian Quézia Calixto de Lima, de 46 anos. A outra, que seria de Goiânia, é esperada para prestar depoimento.

Segundo a polícia, o procedimento era marcado em uma "clínica" no Shopping Downtown, na Barra, registrado na Junta Comercial do Rio como um salão de beleza no nome de Rosilane Pareira da Silva, empregada doméstica do médico, mas que a investigação aponta que também participava das intervenções. Entretanto, o interessado era avisado em cima da hora que a plástica seria realizada na cobertura do condomínio Santa Mônica, no mesmo bairro.

"Cada procedimento era R$ 20 mil. Esse grupo agia em três estados. No Rio era no Downtown, onde montaram uma clínica fictícia em nome da Rosilene. Mas depois começaram a atender na residência", disse a delegada Adriana Belém, titular da 16ª DP.

Carro que médico e namorada socorreram Lilian para hospital na Barra - Estefan Radovicz / Agência O Dia

Além do Rio, o grupo também atende no bairro Santa Cecília, na Região Central de São Paulo, e no Lago Sul, uma área nobre do Distrito Federal. Denis tinha registro no Conselho de Medicina no estado de Goiás e no Distrito Federal, mas ele não tinha autorização para exercer a profissão no Rio de Janeiro. Ele também não tinha autorização da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) para fazer intervenções estéticas.

A mãe de Denis, Maria de Fátima Barros Furtado, era médica, mas teve o seu registro cassado no Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) em 2015. O motivo da cassação ainda é desconhecido. A polícia apreendeu o veículo em que o médico e Renata fizeram o socorro de Lilian e um segundo carro onde havia medicamentos usados nos procedimentos. O pedido de prisão de Rosilene foi negado pela Justiça.

Maria de Fátima Barros Furtado, mãe de Denis, tem registro de médica cassado pelo Conselho Regional de Medicina do Rio - Reprodução / Divulgação

Em nota, o SBCP lamentou morte de Lilian, reforçando que Denis era um médico "não especialista em cirurgia plástica". Confira abaixo a nota completa.

"A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) lamenta por mais um óbito de paciente que realizou um procedimento estético com um não especialista. A bancária Lilian Calixto, 46 anos, morreu no último domingo, 15, após complicações de um tratamento realizado por um médico não especialista e em local inadequado. Além de não ter formação em cirurgia plástica, o médico realizou o procedimento em sua residência, o que é proibido. 

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica repudia e reprova procedimentos médicos na área, realizados por não especialistas, e sobretudo nestes moldes. A crescente invasão da especialidade por não especialistas tem promovido cada vez mais casos de insucesso e fatais como este.

A SBCP disponibiliza em seu site, Facebook, e-mail ou telefone, uma consulta para saber se o médico é ou não credenciado pela Sociedade para realizar uma cirurgia plástica. A formação do cirurgião plástico é diferenciada, uma vez uma vez que ele deve obrigatoriamente, após os 6 anos da graduação em medicina, passar pela formação de cirurgião geral (2 anos) antes de cumprir mais 3 anos em cirurgia plástica, somando no mínimo 11 anos de formação. 

Além disso, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica tem alertado reiteradamente a população sobre os riscos dos procedimentos que envolvem PMMA. A SBCP aguarda por decisões judiciais que possam definitivamente impedir que profissionais médicos e não médicos sem especialização em cirurgia plástica realizem procedimentos sem qualificação."

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