Parentes de Antonio Carlos afirmam que ele foi detido por engano - Reprodução Facebook
Parentes de Antonio Carlos afirmam que ele foi detido por enganoReprodução Facebook
Por ADRIANO ARAÚJO

Rio - O pesadelo da família e amigos de Antonio Carlos Rodrigues Junior, preso injustamente desde sexta-feira por suspeita de assalto, está perto do fim. A vítima do crime, a cônsul-geral da Venezuela no Rio, esteve nesta quinta-feira em uma cadeia do Complexo de Gericinó, na Zona Oeste, e reconheceu um detento como o verdadeiro homem que, com outros dois, a roubou no prédio do Consulado do seu país, em junho. O criminoso também confessou ter feito parte do assalto, segundo a família e a advogada de defesa. A expectativa é que Antonio Carlos deixe a cadeia na tarde desta sexta-feira.

"Acabou a história. A vítima reconheceu o verdadeiro bandido e ele confessou. Agora é só aguardar o juiz emitir o alvará de soltura e mais tarde estará todo mundo em Benfica para buscar o meu irmão", comemorou Leonardo Ribeiro, ainda na noite desta quinta-feira. Amigos e parentes também vibraram com a informação nas redes sociais. "Que notícia boa, amigo! Daqui a pouco você está livre. Vem que vem com tudo que estamos te esperando de braços abertos!!!!", escreveu uma amiga.

Segundo a advogada Mitsi Rocha Fidélis, a Deat havia dito que relatório que consta o reconhecimento da vítima e a confissão do verdadeiro ladrão tinha sido encaminhado para o Ministério Público do Rio (MPRJ), restando somente o juiz responsável pelo caso autorizar o cumprimento.

Ainda na noite de ontem, o irmão de Prw, como Antonio é conhecido, disse que eles lutavam contra o tempo para que ele deixasse logo a prisão. Eles aguardavam o pedido de soltura da Delegacia de Apoio ao Turista (Deat), que realizou a prisão e investigou o crime. Em paralelo a isso, a defesa da vítima também tinha entrado com um pedido de liberdade, que aguarda apreciação do Ministério Público do Rio (MPRJ).

"A gente lutou tanto para conseguir provar a inocência dele, queremos que ela peça a soltura dele logo. Não dá para esperar até amanhã (sexta). Queremos acabar com esse sofrimento, isso tudo foi muito desgastante", disse o irmão de Antonio.

Imagens do ladrão e Antonio Carlos, preso injustamente, se espalharam nas redes sociais. Amigos e familiares pedem Justiça - Reprodução Internet
 

Família e defesa fizeram investigação no lugar da polícia

Na manhã desta quinta-feira, a delegada Valéria Aragão, titular da Deat, entrou em contato com a vítima para que ela fizesse o reconhecimento do homem que poderia ser o verdadeiro assaltante com quem Prw foi confundido, segundo o irmão de Antonio. A iniciativa teve como base uma solicitação da advogada Mitisi Rocha Fidélis, que esteve na sede da especializada com provas que eles levantaram por conta própria.

A cônsul se prontificou a ir até a cadeia com os policiais e ver o detento, que foi apontado como o verdadeiro autor e ainda confessou a participação no assalto. "Ela (a vítima) se retratou e inclusive o homem apontado como o assaltante confessou a participação", disse a advogada.

A investigação, que deveria ser feita pela polícia, descobriu o nome do homem apontado como o verdadeiro ladrão e, inclusive, que ele tinha sido preso pouco mais de 20 dias após o roubo à cônsul da Venezuela. Um vídeo que circula nas redes sociais mostraria ele sendo detido pela polícia no Centro do Rio.

Procurada na tarde de quinta-feira, a Polícia Civil ainda não se pronunciou sobre o reconhecimento do verdadeiro ladrão e nem sobre o pedido de soltura. A reportagem também entrou em contato com a delegada, mas ela não respondeu. Desde terça-feira, O DIA questiona as circunstâncias que levaram a especializada a pedir a prisão de Antonio Carlos, mas não obteve respostas.

O Ministério Público foi procurado ainda na manhã de quinta-feira para falar sobre o porquê do promotor seguir com a denúncia contra Antonio Carlos, mas ainda não se posicionou. O DIA questionou quando o pedido de soltura da defesa será apreciado e o órgão também não respondeu.  

O caso, publicado primeiramente pelo DIA, teve início na sexta-feira, quando Prw foi surpreendido pelos policiais quando mexia em seu carro na porta de casa, na Glória, antes de começar mais um dia de trabalho. Inicialmente, ele foi informado que era uma investigação sobre postagens no Facebook, mas só na delegacia ficou sabendo que havia um mandado de prisão contra ele por roubo. A vítima, que teria feito o reconhecimento por fotos de Prw na rede social, o reconheceu depois pessoalmente.

Sua prisão temporária foi autorizada em 19 de junho, pouco mais de 10 dias após o crime, mas Antonio Carlos nunca soube da decisão, ficando ciente somente quando foi levado para a Deat no dia 13. Três dias depois, a Justiça aceitou a denúncia do MP. O primeiro preso, que antes dizia não conhecer Prw, mudou a versão e falou que ele era o seu comparsa, segundo a família.

Na denúncia, é relatado que Antonio Carlos foi reconhecido pela vítima e "pelas fotos e filmagens dos fatos e do percurso até o local do delito". O documento também diz que os presos "não apresentam residência nem trabalho fixo", o que a família de Prw nega, já que ele é casado e mora na Glória.

Você pode gostar