Por FRANCISCO EDSON ALVES

Depois de denúncias, desde o mês passado, sobre a poluição que moradores de Volta Redonda, no Sul do estado, vêm enfrentando, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) admitiu ter constatado problemas no controle de materiais poluentes em sua usina. Em virtude de pó preto de escória (rejeitos da produção do aço nos Altos-Fornos e Aciaria, que emanam de suas chaminés e de depósito de gigante no bairro Brasilândia) e de cor avermelhada (de queima de sucatas), vários protestos passaram a ser feitos pelas redes sociais.

Em nota, a CSN revelou que "identificou emissões fugitivas (sem especificar os tipos de materiais poluentes) pontuais, na semana passada", garantindo ter levantado as causas (também sem entrar em detalhes) e informado ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea).

"Medidas técnicas estão sendo tomadas", assegurou ainda a curta nota, colocando à disposição da comunidade, o telefone da Linha Verde da empresa (0800 282 4440) e o e-mail meio.ambiente@csn.com.br, para dúvidas, críticas e sugestões.

Segundo especialistas, fontes pontuais são de fácil localização e que possuem mecanismos de controle e direcionamento do fluxo de poluição emitido, seja por chaminés ou de um escapamento, por exemplo.

De acordo com Resolução 382/2006 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), emissões fugitivas são definidas como lançamentos difusos de qualquer forma de matéria sólida, líquida ou gasosa. E cujas fontes não possuem dispositivos de controle de fluxos.

Segundo a United States Environmental Protection Agency (EPA), estes tipos de emissões não são intencionais e partem de tubulações e vazamentos de equipamentos em superfícies seladas ou impermeáveis, e até de dutos subterrâneos. Apesar da definição do Conama para emissões fugitivas, no que diz respeito a emissões atmosféricas, o termo é comumente restringido a liberações difusas de compostos orgânicos voláteis (VOCs) na atmosfera, quer dizer, de qualquer composto orgânico que sofra reações fotoquímicas. Entre eles os que formam o ozônio (O3), extremamente prejudicial para a saúde e o meio ambiente.

PROBLEMAS INVESTIGADOS

Problemas causados por supostos gases e poeiras da CSN são investigados pelo Ministério Público Federal (MPF-VR) e estão na mira de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Alerj. As investigações têm como bases, denúncias de moradores e ONGs, como Associação Homens do Mar (Ahomar), Baía Vila e Comissão Ambiental Sul (CAS).

"A nota da CSN é um atestado de culpa pela poluição na cidade", diz o presidente da Baía Viva, Sérgio Ricardo Verde. "Endossam nossas denúncias", acredita o advogado da Ahomar, Magno Neves. "Esperamos que a autoridades acelerem os processos de punições e exijam o restabelecimento da qualidade do ar", completou Adrina Vasconcellos, da CAS.

Empresa comentou as falhas
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Possíveis falhas no controle de emissão de material particulado e gases em sua produção de aço na atmosfera, fizeram a CSN emitir uma nota aos acionistas no dia 20 de junho, quando explicou ter conseguido "mais 90 dias de prazo de autoridades ambientais para operar a Usina Presidente Vargas".
"Para continuar a busca de solução consensual definitiva das questões ambientais", informou. O Inea, acusado pela Ahomar de suposta "conivência" com o descontrole do depósito de escória, por estar há oito anos analisando pedido de licença da Harsco, divulgou que o monitoramento do ar é feito por estações automáticas e convencionais.
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Moradores reclamam de falta de informações no site da Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura de Volta Redonda e em painéis mantidos pela CSN na cidade, além de dificuldades de acesso à página do Inea. O órgão alega que seu portal está "passando por modernização" e que a CSN "aprimora a tecnologia" dos painéis.
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