Rio - O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) remeteu para a Procuradoria-Geral Eleitoral, do Ministério Público Federal (MPF), e a Polícia Federal informações de um suposto crime eleitoral que teria sido cometido pelos vereadores Paulo Bagueira (Solidariedade), presidente da Câmara Municipal de Niterói, e Renato Cordeiro Junior, o Renatinho da Oficina (PTB). Segundo o MP, interceptações telefônicas para investigar o tráfico no Morro do Cavalão, em Icaraí, que resultaram na operação desta quarta-feira, apontariam para a compra de votos dos políticos nas eleições de 2016, na qual foram eleitos.
Segundo investigadores, Bagueira foi flagrado em ligações negociando a compra de votos no Cavalão com Monique Pereira de Almeida, mulher de Reinaldo Medeiros Ignácio, o Kadá, chefe do tráfico local e que está preso fora do estado. As investigações apontam que o político teria pago para formar um curral eleitoral na comunidade. As interceptações ocorreram uma semana antes das eleições, em outubro de 2016.
"Nas escutas não vemos informações sobre eles ligados ao tráfico, esse é um caso diferente de Japeri. Nas conversas, há informações de que haveria uma suposta compra de votos em dias anteriores à eleição de 2016. Não temos atribuição para apurar esses casos e já enviamos para a Polícia Federal e para a Procuradoria Regional Eleitoral", disse a promotora Roberta Dias Laplace.
Ainda segundo a promotora, Renatinho da Oficina é citado também pela primeira-dama do tráfico em uma ligação, na qual ela afirma que ele quer comprar votos de moradores das comunidades Cocada e Mato Grosso, em Niterói, onde o tráfico do Cavalão exerce influência. As favelas ficam no Sapê, região apontada como reduto eleitoral do vereador.
Procurada pelo DIA, a assessoria do presidente da Câmara Municipal de Niterói disse que ele sempre atuou junto aos moradores do Morro do Cavalão, mas nega qualquer envolvimento com o tráfico local ou compra de votos. "O vereador Paulo Bagueira nega as acusações, rechaça qualquer envolvimento do seu nome com esse tipo de ação e que não teve acesso às investigações. Afirma que tão logo tenha, irá apresentar a sua defesa", diz a nota enviada à reportagem.
Já Renatinho da Oficina informou que seu 'advogado vai tomar as medidas cabíveis'. "Conheço e já fui no Cavalão. Tenho amigos lá de mais de 20 anos, mas não tive votos lá. As pessoas falam o que quer. Se me chamarem estarei a disposição da Justiça. Temos que esperar tudo acontecer primeiro", disse.