Fóssil é o mais antigo da América Latina e foi achado no Brasil - Reprodução / Internet
Fóssil é o mais antigo da América Latina e foi achado no BrasilReprodução / Internet
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - Um crânio encontrado entre os escombros do que sobrou do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, aumentou as esperanças sobre recuperar raridades após a tragédia. Ele pode pertencer à Luzia, o mais antigo fóssil humano encontrado nas Américas, mais precisamente em Minas Gerais, com cerca de 12 mil anos.

O material será analisado por especialistas para saber se realmente é de Luzia. O crânio estava esfarelado e foi encontrado durante a madrugada, no chão do mesmo cômodo onde ficava o fóssil mais antigo encontrado no país. 

"É preciso prudência em relação ao crânio encontrado. O material precisa passar por uma análise criteriosa para identificar se é ou não a Luzia", disse a arqueóloga da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Cláudia Rodrigues.

Todas as peças que foram encontradas por bombeiros e voluntários foram guardarás em dois locais na Quinta da Boa Vista: no anexo do museu, o Departamento de Vertebrados Alípio de Miranda Ribeiro, e em laboratórios do Horto Botânico, que fica na Quinta da Boa Vista e foram construídos na década de 1990.

De acordo com a instituição, esses anexos foram construídos durante uma crise econômica na década de 1990 quando houve uma interrupção da exposição das obras. "As peças recuperadas estão guardadas nestes locais e serão analisadas com muito cuidado posteriormente por pessoas técnicas especializadas", afirmou o biólogo Paulo Buckup.

Bombeiro chorou por não conseguir 'salvar' Luzia

O bombeiro Rafael Luz, que estava de folga, fez um relato contando sua tentativa de "salvar" Luzia das chamas que consumiam o Museu Nacional, na noite de domingo. Ele, que estava de folga, pegou o metrô e foi para a Quinta da Boa Vista para ajudar no combate as chamas. O crânio foi encontrado hoje por um bombeiro que é colega de Luz e trabalha com ele no Quartel Central.

Em um relato nomeado de 'Em cada canto um herdeiro de Luzia' (em referência ao fóssil mais antigo encontrado nas Américas, um dos símbolos do Museu), o profissional compartilha a frustração de não ter conseguido salvá-la.

"Sabia a importância e relevância dessa peça. Fomos levados à sala onde ela estava. Junto com o Tenente Coronel Vitoriano, entramos em uma sala ainda com focos e avançamos. Fizemos um esforço gigantesco e conseguimos nos aproximar e abrir o armário. Ao procurar Luzia, encontrei vazio e um ferro incandescente que derreteu minha luva e queimou meus dedos. Doeu, muito. Saí da sala e chorei. De dor? Não. De frustração. Eu queria ter achado Luzia, ter salvado mais itens, ter ido mais ao museu, ter reclamado mais do abandono do nosso patrimônio histórico. Mas não deu", escreveu.

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