Por O Dia

Rio - A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio fazem, desde as primeiras horas da manhã desta segunda-feira, uma operação para desarticular uma quadrilha de milicianos que age em São Gonçalo e Maricá, na Região Metropolitana do Rio. O objetivo é cumprir 24 mandados de prisão e 50 de busca e apreensão. Até agora, 19 pessoas já foram presas.

A ação, que é liderada pela Divisão de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP, mira três grupos diferentes da mesma quadrilha. Os investigadores querem saber se os paramilitares contam com o apoio de policiais do 7º BPM (São Gonçalo).

Para a polícia, integrantes de três miliciais — duas em São Gonçalo e uma Maricá — são suspeitos de praticar vários homicídios nas duas cidades, em disputas por território. Em março deste ano, a quadrilha assassinou cinco jovens de um condomínio do "Minha Casa, Minha Vida", em Maricá. Nenhum deles tinha envolvimento com o tráfico de drogas.

Armas apreendidas pela DH de Niterói e São Gonçalo em operação contra a milícia - Divulgação

Ao chegarem em Itaboraí, para prender um dos braços da quadrilha, policiais foram recebidos a tiros e houve um intenso confronto. Ainda não há informações de feridos.

Os integrantes do grupo paramilitar impõem segurança privada e controla o transporte de vans, pontos de televisão clandestina e a venda de botijões de gás de cozinha, além de obrigar a comercialização de cigarros clandestinos.

De acordo com a Polícia Civil, alguns ordens para os crimes partem da Cadeia Pública Bandeira Stampa, Bangu 9, no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste, onde chefes do bando estão encarcerados.

Investigações começaram em janeiro

De acordo com a delegada Bárbara Lomba, titular da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, as investigações começaram em janeiro deste ano a partir de informações de inquéritos de homicídios no bairro de Neves, em São Gonçalo. A apuração levou os investigadores à identificação de Felipe Raoni da Silva, conhecido como Mineirinho, como autor dos crimes e integrante do grupo paramilitar. Ainda de acordo com a delegada, a arrecadação da organização gira em torno de R$ 100 mil por mês, podendo chegar até R$ 1,2 milhão ao ano, já que os valores exigidos podiam chegar até R$ 12 mil por estabelecimento para fazer a "segurança".

O objetivo dessa operação é desarticular três milícias com comandos distintos, mas com integrantes com atuação em mais de uma delas. O primeiro é liderado por Anderson Cabral Pereira, vulgo Sassa, que atua nos bairros de Porto Velho, Porto Novo, Pontal e adjacências, em São Gonçalo. A segunda milícia é chefiada por Luis Claudio Freires da Silva, vulgo Zado, com atuação nos bairros Engenho Pequeno, Zumbi e região, também em São Gonçalo. O último grupo de milicianos é comandado por Wainer Teixeira Júnior, com domínio nos bairros de Itaipuaçu e Inoã, em Maricá.

Com base em interceptações telefônicas autorizadas pela justiça, o núcleo de inteligência da especializada constatou que Mineirinho prestava serviço para dois desses grupos. As investigações indicam que os grupos ingressavam no território a partir do assassinato de traficantes ou assaltantes e assumiam o domínio do local alegando que iriam trazer paz e tranquilidade. Após assumirem o controle, o que chamavam de “ganho de chão”, os milicianos faziam o “aumento da folha" iniciando a cobrança da taxa. Em alguns casos, eles expulsavam familiares de rivais tomando os imóveis para a organização criminosa.

Entre os principais integrantes da milícia comandada por Sassa aparece Rodrigo de Oliveira Silva, conhecido como Negão, braço direito do chefe. Já no grupo liderado por Zado, aparece ao seu lado Gerson Batista Junior, o Gecinho. Neste grupo, consta como braço operacional Adriano Silveira da Rosa, o Vaco; André Silveira da Rosa, vulgo Chaveirinho e outros criminosos. Já no grupo paramilitar liderado por Wainer tinha entre seus integrantes Francisco Ribeiro Soares Junior, Vulgo Chicão; Luiz Carlos Pereira de Melo, vulgo Russo; Lucas dos Santos Costa, conhecido como Luquinha e João Paulo Firmino, que é apontado pela Polícia Civil como autor da chacina de cinco jovens num condomínio do programa Minha Casa Minha Vida, em Itaipuaçu, em 25 de março deste ano.

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