PM Wainer de Teixeira Júnior, acusado de integrar um grupo de milicianos em Maricá  - Divulgação
PM Wainer de Teixeira Júnior, acusado de integrar um grupo de milicianos em Maricá Divulgação
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - O sargento da Polícia Militar Wainer de Teixeira Júnior foi preso, na manhã desta segunda-feira, numa operação da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio (MP-RJ), cujo objetivo é desarticular uma quadrilha de milicianos que age em São Gonçalo e Maricá, na Região Metropolitana do Rio. Até o momento há 19 presos.

Capturado em casa, onde cumpria prisão domiciliar, Wainer é acusado de ser miliciano em Maricá, na Região Metropolitana do Rio, e já foi lotado no 7º BPM (São Gonçalo). Em 2012 ele foi candidato a vereador pela cidade que mora, mas acabou não sendo eleito. O policial tentou concorrer novamente quatro anos mais tarde, mas foi considerado “inapto” pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), uma vez que não prestou contas de sua campanha anterior, e desistiu da disputa em 2012.

Wainer já havia sido investigado pela Operação Calabar, realizada em junho, quando a Polícia Civil e o MP-RJ cumpriram 96 mandados de prisão preventiva contra policiais acusados de receber dinheiro de traficantes de drogas na região de São Gonçalo.

Segundo as investigação da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, o sargento fazia parte do Destacamento de Policiamento Ostensivo (DPO) do Jardim Catarina, em São Gonçalo. Segundo as investigações, o grupo recebeu, entre 2014 e 2016, R$ 7,5 mil mensais para deixar de coibir o tráfico de drogas em comunidades como Jardim Miriambi, Boca da 39, Pica-Pau, Baixadinha e Carobinha, Morro da Viúva e Marambaia.

Ainda segundo a apuração da especializada, Wainer era um dos chefes do esquema de recebimento de propina do 7º BPM. Além dele, outros 95 policiais militares foram denunciados pelo Gaeco pelos crimes de organização criminosa e corrupção passiva.

Início das investigações

As investigações demonstraram que os policiais recebiam propina para não coibir o tráfico de drogas nas comunidades de São Gonçalo. Além disso, revendiam armas e drogas apreendidas nas operações para os bandidos. Numa situação, um dos policiais chegou a oferecer escolta para um “bonde” de criminosos se deslocar, após um traficante ter perguntado a ele se era possível alugar um fuzil da própria Polícia Militar para o tráfico.

As investigações tomaram força a partir das prisões em flagrante de dois matadores das milícia: Rodrigo Melo, o Russo, em janeiro deste ano; e João Paulo Firmino, o Mineirinho, em fevereiro. Firmino era da quadrilha comandada por Wainer Teixeira, chefe da milícia em Maricá, e foi autor da chacina contra cinco jovens no condomínio "Minha Casa, Minha Vida" em Itaipuaçu.

“O Russo e o Mineirinho eram matadores e cobradores das duas milícias. Os dois grupos utilizavam as mesmas pessoas para fazer certos serviços”, contou a delegada Bárbara Lomba. A partir das prisões foi possível identificar os três grupos e seus mandantes.

Gravações auxiliam a polícia

Em uma das gravações telefônicas autorizadas pela Justiça, os milicianos Francisco Ribeiro Soares Junior, o Chicão, e Lucas dos Santos Costa, o Luquinhas, falam sobre como vão se fortalecer para combater Wainer Teixeira, que foi preso na Operação Calabar, em 2017, e policiais do 7º BPM (São Gonçalo). 

Em outro trecho das escutas, Sassá, outro chefe de milícia, fala que queria a segurança do condomínio "Minha Casa, Minha Vida", e Chicão afirma que, para isso, precisariam da ajuda de um “vereador amigo”. Questionada, a delegada disse que as investigações continuam e que pessoas citadas nas ligações, incluindo o vereador, estão “no radar” da especializada.

Entre os foragidos, segundo a polícia, estão: Rodrigo Oliveira Silva, o Negão, segundo na organização da milícia de São Gonçalo, e Chicão, envolvido em homicídio em Maricá; Luiz Carlos Pereira (R6), envolvido em homicídio em São Gonçalo e que teria se juntado a uma milícia em Nilópolis, estão foragidos.

Corregedoria da PM tentará identificar PMs corruptos

A Corregedoria Interna da Polícia Militar há meses vem investigando o 7º BPM. O batalhão é considerado problemático pela cúpula da instituição e, em 2017, teve mais da metade do seu efetivo preso na Calabar. De acordo com o tenente-coronel Renato Assis Ferreira, da 4ª DPJM (Delegacia de Polícia Judiciária Militar), "os péssimos policiais serão investigados e serão retirados da sociedade".

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