Cemitério Maruí, Barreto/ Niteroi. Enterro de vitimas do casal Alan Ferreira Teles e Amanda Tomás da Silva,  da tragédia na comunidade Boa Esperança em Piratininga, Niteroi. Foto: Daniel Castelo Branco / Agência O Dia - Daniel Castelo Branco
Cemitério Maruí, Barreto/ Niteroi. Enterro de vitimas do casal Alan Ferreira Teles e Amanda Tomás da Silva, da tragédia na comunidade Boa Esperança em Piratininga, Niteroi. Foto: Daniel Castelo Branco / Agência O DiaDaniel Castelo Branco
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - Serão enterrados, nesta segunda-feira, os corpos das últimas quatro vítimas da tragédia de Boa Esperança, comunidade que fica em Piratininga, Região Oceânica de Niterói. Os velórios e enterros acontecerão no Cemitério de Maruí, no Barreto, também em Niterói. Onze já haviam sido enterradas neste domingo. 

Do total de 11 pessoas soterradas, que ficaram machucadas e foram socorridas, apenas duas permanecem internadas em estado grave. São dois homens que estão nos hospitais Estadual Azevedo Lima, em Niterói e Alberto Torres, em São Gonçalo. Por telefone, a Secretaria Estadual de Saúde informou apenas que o estado de saúde das vítimas "é estável". Ela não informa as identidades e nem se eles passaram por cirurgias. As outras nove pessoas já receberam alta. 

Pelo menos dez pessoas estão abrigadas no Colégio Municipal Portugal Neves, em Piratininga, na Região Oceânica, local onde está montado um ponto de apoio para receber doações e que as ajudas estão concentradas. As outras vítimas estão em casas de amigos e parentes. 

Entre as vítimas que serão enterradas nesta segunda-feira estão os irmãos Arthur Caetano Carvalho, de 3 anos, e Nicole Caetano Carvalho, de 8 meses. Arthur chegou a ser socorrido para uma unidade hospitalar, mas morreu na tarde deste domingo, elevando para 15 o número de vítimas da tragédia. Nicole morreu no desabamento. O sepultamento está marcado para acontecer às 16h. As outras duas vítimas são a Marta Pereira Romero, de 61 anos, que será sepultada às 10h, e Dalvina Martins, de 56 anos, às 10h30.

Para ajudar os moradores que perderam os documentos, como certidões de casamento, nascimento, identidade e habilitação, e que precisam de orientação jurídica, a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro e o Detran estão atuando, desde às 9h desta segunda-feira, na Rua dr. Carlos Chagas, 1047, a cerca de 100m do local da tragédia, no Morro Boa Esperança. A previsão é que os atendimentos ocorram até às 17h. No posto de atendimento, a população pode dar entrada na documentação, que levará cinco dias para ser finalizada. A retirada será feita no posto do Detran do Fonseca. 

Ainda no domingo, um dia após a tragédia, os bombeiros encerraram as buscas por pessoas soterradas no local. No total, 9 casas foram atingidas, 17 foram interditadas e 22 famílias (88 pessoas) estão desabrigadas. A Prefeitura de Niterói decretou luto de 3 dias por conta da tragédia. 

A Prefeitura também informou que, até o momento, não há mais necessidades de doações pelo grande volume de produtos que foi recebido. Foram contabilizadas 7 toneladas de doações, com roupas, comidas e produtos de higiene e limpeza. 

Todas as doações estão no Colégio Municipal Portugal Neves e estão sendo distribuídas pela Prefeitura e assistentes sociais para as famílias afetadas e as do entorno que ficaram sem luz ou tiveram algum tipo de transtorno, como a impossibilidade de sair de casa por conta da movimentação ou que estão no local ajudando as vítimas. 

A Escola virou referência para apoio às vítimas ad tragédia. Além de concentrar doações e servir de abrigo, há também psicólogos no local para prestar atendimento, além dos assistentes sociais, que ajudam na limpeza e na distribuição dos alimentos. Os alunos estão sem aula nesta segunda-feira. 

Em nota, a prefeitura de Niterói informou que, nesta segunda-feira, está priorizando acolhimento das vítimas e que o Município está trabalhando na elaboração do projeto de lei que amplia o escopo do Aluguel Social, para incluir o pagamento do benefício para as famílias que foram afetadas pela tragédia.

Segundo a prefeitura, o projeto será enviado para a Câmara dos Vereadores, em regime de urgência, nesta terça-feira. A nota também informou que unidades habitacionais já em construção no bairro do Fonseca serão entregues, no dia 20 de dezembro, às 22 famílias das residências afetadas.

As secretarias municipais de Saúde, Assistência Social, Obras, Conservação e Serviços Públicos, e Companhia de Limpeza mantêm cerca de 200 pessoas trabalhando na limpeza do local e na Escola Municipal Francisco Portugal Neves, em Piratininga, onde estão concentradas as 9 toneladas de donativos arrecadados. Técnicos da Defesa Civil estão monitorando as casas no entorno e 17 permanecem interditadas.

Um dos sobreviventes é o cobrador Johnny Silva Nascimento, que saiu de casa pouco antes das 4h para trabalhar e, por isso, não estava no local no momento do deslizamento. O homem conta que parte de sua casa foi atingida e que, por sorte, não perdeu nenhum parente. 

“Um dia antes (na sexta-feira), a minha filha tinha ido para a casa do meu pai. Sai de casa e fui trabalhar. Quando fui, o dia estava tranquilo e sem chuvas. Assim que cheguei no trabalho, fui informado do que tinha acontecido”, lembra o homem.

“O meu enteado estava na casa e não foi atingido. Ele conseguiu sair. Mas dois corpos dos meus vizinhos (da casa de cima) foram parar no corredor lá de casa. Ajudamos a retirá-los”, lembra o homem, que hoje de manhã estava no Colégio Municipal Portugal Neves, tentando ajuda para saber onde ficaria — já que nos próximos dias sua casa está interditada. Até então, ele está dormindo na casa de amigos e parentes.

 

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