O motorista Carlos Alberto Araújo morreu com tiro na cabeça - Arquivo Pessoal
O motorista Carlos Alberto Araújo morreu com tiro na cabeçaArquivo Pessoal
Por Aline Cavalcante e Marina Cardoso

Rio - Parentes, amigos e colegas de trabalho despediram-se, neste sábado, do motorista de ônibus Carlos Alberto Araujo, 52 anos, morto numa troca de tiros entre bandidos e agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na tarde desta sexta-feira, na Rodovia Presidente Dutra, altura de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

"A gente se conhecia há mais de 30 anos. Ele era muito querido, um amigo sensacional, um ótimo profissional", disse Josezimo dos Santos, 55, que também é motorista. Ele reclamou ainda dos riscos da profissão.

"Já fui assaltado várias vezes, e um passageiro foi morto no meu ônibus. Estou traumatizado, ando desconfiado e com medo. Falta segurança na ruas, só Deus para nos proteger".

Nas redes sociais, amigos homenagearam Carlos Alberto.

"Meu herói, vai com Deus, meu amigo", escreveu um deles.

Passageiros e pedestres que passavam pelo local da tragédia ressaltaram o ato de bravura do motorista. É que, mesmo baleado com tiro na cabeça, ele conseguiu tirar o veículo da pista e evitar uma colisão.

"Ele foi um herói, salvou a vida de muitos, inclusive a minha. Estava ao lado dele, porque desceria no ponto seguinte. Foi tudo muito rápido, nem tivemos tempo de abaixar. Quando vi, ele já estava ferido, foi desesperador", contou Marcelle Caroline em sua página no Facebook.

Cunhada da vítima, Denise Souza frisou que, mesmo ferido, ele conseguiu estacionar o ônibus no acostamento e acionou o sinal de alerta antes de perder as forças.

Parentes do motorista chegaram ao local do incidente logo após o tiroteio que atingiu o motorista de ônibus. Eles moram perto do local e ouviram de casa os disparos.

Carlos trabalhava há mais seis anos na Transportadora Tinguá. Ele deixou dois filhos, um adolescente de 12 anos e uma jovem de 24 anos, e a mulher.

Além de Carlos, João Vitor Guimarães dos Santos, de 16 anos, também morreu na troca de tiros. Ele foi encontrado ferido dentro de um dos carros utilizados pelos bandidos em Ambaí, em Nova Iguaçu. O suspeito chegou a ser socorrido, mas não resistiu. No carro, havia carregadores de fuzil e uma pistola.

Seis pessoas, passageiros e pedestres, também ficaram feridas e foram socorridas ao Hospital da Posse, em Nova Iguaçu. O quadro delas é estável. Uma parte do bando foi presa (cinco bandidos em outro carro); a outra conseguiu fugir. Foram apreendidos cinco pistolas, carregadores de fuzil, maconha, cocaína e acessórios de uso policial, divulgou a PRF. Um dos presos disse que o grupo havia saído da Vila Cruzeiro, na Penha, para entregar o material na Baixada.

 

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