Além de armas e munições, também foram apreendidos cigarros falsificados e coletes das Forças Armadas -   Estefan Radovicz / Agência O Dia
Além de armas e munições, também foram apreendidos cigarros falsificados e coletes das Forças Armadas Estefan Radovicz / Agência O Dia
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - Agentes da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco-IE) realizaram, na manhã desta quinta-feira, uma operação contra uma milícia que atua na região da Taquara, na Zona Oeste do Rio. A ação teve dois homens apontados como milicianos presos e a apreensão de três fuzis (AK-47, AR-10 e M-16), três pistolas, munições e carregadores. 

A milícia alvo da operação é ligada a Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica. Entretanto, informações dão conta que o miliciano, apontado como um dos mentores da morte de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, não seria mais associado ao grupo devido a desavenças. O crime, há oito meses, ainda não foi solucionado.

Os agentes da Draco-IE realizaram a operação com base em informações do setor de inteligência, que apontavam que os dois presos na ação de hoje guardaram armas usadas pela milícia. Ambos foram surpreendidos quando dormiam em suas respectivas casas na localidade Santa Maria, na Taquara. Eles foram identificados como Bruno da Silva dos Santos, o Bruninho, e Sergio Calixto Manhães, o Carrapato.

Bruninho e Sérgio Calixto - Divulgação

Com eles foram apreendidos três fuzis, três pistolas, carregadores, munições, explosivos, rádios transmissores, toucas ninjas, cigarros falsificados que eram vendidos ilegalmente e até coletes com logo polícia e camuflado das Forças Armadas. Um carro roubado, um Nissan Versa, também foi recuperado.

Os homens foram presos na comunidade Santa Maria, no Recreio dos Bandeirantes, ao lado do Terreirão, na Zona Oeste, e foram encaminhados para a Polinter e ficarão à disposição da Justiça.

De acordo com as investigações da Draco/IE, além de cobrar por vans, TV a cabo clandestina, botijões de gás, o bando cobra dos comerciantes, até de feirantes de rua, de R$ 30 a R$ 400 por semana para que pudessem trabalhar na região. O valor é de acordo com o tamanho do estabelecimento. Os comerciantes também são obrigados a vender apenas o cigarro Mix, contrabandeado do Paraguai. Cada maço com dez unidade custa R$ 23.

Bruninho tinha um mandado de prisão preventiva em aberto. Ele é acusado do sequestro e morte de Patrick Teixeira Martins, ocorrido em setembro do ano passado, na Estrada dos Teixeiras, na Taquara.

Segundo o delegado titular da Draco-IE, Alexandre Herdy, a ação de hoje faz parte de um conjunto de operações desenvolvidas pela especializada com o objetivo de identificar e responsabilizar criminalmente integrantes das milícias que atuam na Zona Oeste.

"A fonte de receita desses milicianos é o comércio. Existem outros braços armados dessa quadrilha. Existe o outro núcleo que cobra dos comércios, do transporte alternativo, da distribuição de TV a cabo clandestina, da distribuição do cigarro (clandestino)", contou Herdy. 

"A cobrança é complicadora e coativa. Essa propina é de acordo com o grau do estabelecimento e varia de R$ 30 a R$ 400 por semana. Há informação de que até barraca de frutas de rua, feiras e camelôs têm que pagar (para os milicianos). A venda de cigarro (pirata) tem se tornado um modos operantes e uma fonte rentável para a milícia em Jacarepaguá e toda a Zona Oeste. A exploração e a comercialização desse cigarro", completou o delegado. 

De acordo com a polícia, os dois presos, na ação de hoje, são do bando do miliciano Daniel Crichigno, conhecido como "Buiú". Ele é oriundo do Terreirão, no Recreio dos Bandeirantes, área que pertencia ao miliciano Orlando da Curicica. Orlando teria perdido o local para milícia rival.  

Orlando Curicica foi preso em outubro do ano passado acusado de ser a liderança da milícia que age em Jacarepaguá, inclusive na comunidade Santa Maria, no Recreio dos Bandeirantes (na comunidade do Terreirão) e em Vargem Pequena.

Ação da Draco contra a milícia da Taquara também encontrou coletes com logo da polícia e camuflado das Forças Armadas - Divulgação / Draco

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