Cíntia Costa, 55 anos e Eduardo Paes, 68 anos fazem homenagem no local do acidente - Marcio Mercante / Agência O Dia
Cíntia Costa, 55 anos e Eduardo Paes, 68 anos fazem homenagem no local do acidenteMarcio Mercante / Agência O Dia
Por *Luana Dandara

Rio - Um dia após o acidente de trânsito que matou uma criança de 2 anos e feriu três pessoas, a CET-Rio informou nesta terça-feira que planeja desenvolver um projeto com mini-rotatórias no local da tragédia, o cruzamento das ruas Conde de Irajá e Capistrano de Abreu, no Humaitá, Zona Sul do Rio. Segundo o órgão da prefeitura, a iniciativa vai reduzir a velocidade dos veículos e orientar os motoristas na área, que apesar de ter baixa intensidade de tráfego, apresenta elevado índice acidentes. Além disso, toda a sinalização no cruzamento vai ser reforçada. O secretário da Casa Civil, Paulo Messina, disse que pedirá a instalação de um quebra-molas no local após uma moradora fazer o pedido.

O corpo do menino Nicolas Antônio Reis ainda não foi liberado do Instituto Médico Legal (IML), e não há informações sobre o enterro. A mãe da vítima, Susan Reis, de 43 anos, no entanto, teve alta hoje do Hospital Copa D'or, em Copacabana. Ela voltava com o filho da aula de natação e estavam na calçada, quando foram atingidos pela colisão de uma van com um táxi. Nicolas chegou a levado para o Hospital Municipal Miguel Couto, mas já deu entrada na unidade em óbito. Na batida, também foram feridos o taxista Pedro Francisco, de 47 anos, e a passageira Vera Lúcia Torino, de 69 anos, mas ambos dispensaram o atendimento do Corpo de Bombeiros.

No local da ocorrência, moradores deixaram flores em homenagem ao menino. Mães que moram no entorno e amigos da família organizam um protesto na sexta-feira para prestar solidariedade e chamar atenção das autoridades para a falta de sinalização no cruzamento. Cintia Costa, de 55 anos, levou um vaso de flor, e se emocionou junto ao marido Eduardo Paes, de 68. "Eu não os conhecia, mas moro próximo, e aqui tem muitas creches. Isso tudo moveu a gente, tive pesadelo a noite toda... é uma maneira de deixar mais uma luzinha para ele", disse ela. "É um cruzamento perigoso, a nossa cidade está caótica, é uma questão de educação no trânsito", acrescentou.

Cíntia Costa, 55 anos, faz homenagem no local do acidente - Marcio Mercante / Agência O Dia

Mãe de dois filhos, um de 3 anos e outro de 5 meses, Fernanda Costa, 35, passa pelo local diariamente e criticou o alto número de acidentes no cruzamento. "Eu acabei de levar meu filho na creche, então me coloco no lugar. É muito triste, precisa de algum redutor de velocidade e fiscalização, porque vários carros param no lugar errado e também prejudicam a visibilidade", contou ela. Dono de um restaurante na região, Costa e Silva, de 39 anos, também reclamou da falta de ação da prefeitura. "Os motoristas não sabem que a preferência é da Conde de Irajá, esse cruzamento é brutal. Eu já mandei diversos emails para a CET Rio, eles responderam que estava bem sinalizado. Realmente, há sinalização, mas se acontece batida toda semana alguma coisa tem de ser feita. Foi negligência pura, é um absurdo", reclamou ele.

Natural da Bélgica e morador de Botafogo, Olivier Bodart, de 36 anos, passeava com o filho Basílio, de 1 ano e 4 meses na manhã de hoje, e parou para ver as homenagens. "Pra todo mundo é uma tragédia. Se vê muito no Rio esses acidentes absurdos. Precisa de uma campanha de responsabilização, os motoristas terem mais consciência, porque dirigir um carro não te dá o direito de fazer tudo o que quiser, há outras pessoas ao redor", afirmou ele.

Olivier Bodart, 36 anos e seu filho observam o local do acidente - Marcio Mercante / Agência O Dia

De acordo com testemunhas, a van em alta velocidade ultrapassou o cruzamento e colidiu com o táxi, atingindo mãe e filho na calçada. A Polícia Civil investiga o caso. A perícia foi realizada no local, e diligências estão em andamento em busca de imagens e testemunhas que possam ajudar nas investigações, que apuram homicídio culposo — quando não há intenção de matar.

Segundo o taxista Pedro Francisco, que prestou depoimento ontem na 10ª DP junto ao condutor da van, os dois foram liberados. “A preferência era minha, a van estava totalmente errada. Tinha uma placa de ‘pare’ e também pintado no chão. Ele foi liberado sem mais nem menos. Estou arrasado, sou pai de seis filhos e me coloco no lugar da família", desabafou.

*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes

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