Governador eleito promete colocar Tijuca Presente no bairro da Zona Norte. Odair Lece acha que plano tem que chegar ao interior do estado - Marcio Mercante / Agencia O Dia
Governador eleito promete colocar Tijuca Presente no bairro da Zona Norte. Odair Lece acha que plano tem que chegar ao interior do estadoMarcio Mercante / Agencia O Dia
Por WILSON AQUINO

Rio - Caso o governador eleito cumpra a promessa, na Baixada Fluminense, Tijuca, Ipanema e Leblon, as pessoas poderão passear mais tranquilas pelas ruas, em 2019. Wilson Witzel anunciou que vai ampliar o Programa Segurança Presente para estas localidades. E por onde o programa esteve, houve queda no registro de crimes nas vias públicas.

Ao contrário da Tijuca e Baixada, onde as pessoas vêem os crimes de rua dispararem, locais beneficiados pelo projeto (Lapa, Centro, Lagoa, Méier e Aterro), assistem a criminalidade despencar. E a sensação de segurança traz conforto ao cidadão. "Sempre estou lá na Central e agora posso circular à vontade. Não tem perigo", garante o vendedor ambulante André Luis Saloio, 47 anos, que não economiza elogios ao programa. "O Centro Presente é o maior sucesso. Tentaram tirar de lá (Central) e o pessoal não deixou, fizeram até abaixo-assinado", lembra.

Os números respaldam a sensação do ambulante. A Operação Centro Presente reduziu em cerca de 70% os índices criminais no Centro do Rio. Segundo os registros feitos na 4ª DP (Central), no primeiro semestre de 2016, período anterior ao início da operação, foram registrados 1.053 roubos de rua (celular, transeunte e coletivo). Na comparação com o primeiro semestre deste ano, a queda foi de 70%. Nesse mesmo período, na região da Tijuca os roubos de rua subiram 125% (1.089 casos no primeiro semestre de 2016, contra 2.451 no mesmo período de 2018). Na Baixada, subiram 7% (16.236 contra 17.490).

"Eu acho que o estado inteiro tem que se movimentar em torno da segurança", defende o policial civil aposentado Odair Lece, 73. Com a experiência de quem trabalhou 50 anos e 16 dias combatendo o crime, ele reclama que as novidades da área de Segurança ficam na capital. "Carro novo, equipamento para a polícia tecnocientífica, é tudo outdoor. O interior não tem equipamento decente para investigar crime. Tudo é feito na capital, isso tem que acabar", reclama.

Estado garante a continuidade do Centro Presente até o fim do ano - Divulgação

Witzel pretende contratar policiais aposentados para o Segurança Presente, que hoje paga policiais nas horas de folga e reservistas. Porém, para cumprir a promessa, é o novo governo que vai ter que fazer milagre, já que ano que vem o déficit previsto no orçamento é de R$8 bilhões, mas pode chegar a R$ 13 bilhões. E o Segurança Presente, hoje, tem custo anual de R$ 64,4 milhões. Para dificultar, o Sesc, que banca os projetos no Aterro, Lagoa e Méier (R$29 milhões, os três) já anunciou que sai no último dia de 2018.

Mil agentes nas ruas a cada dia

O Programa Segurança Presente coloca cerca de mil agentes, todos os dias, nas ruas do Centro, Lapa, Aterro, Lagoa e Méier. O patrulhamento é realizado por policiais de folga e reservistas das Força Armadas, que são pagos pelo chamado RAS (Regime Adicional de Serviço).

Eles circulam a pé, de motocicleta ou bicicleta e como conseguem patrulhar grandes áreas, transmitem uma sensação maior de segurança. Os agentes já realizaram quase 13 mil prisões em flagrante, em dois anos de atuação.

O projeto fez escola. Em dezembro de 2017, a Prefeitura do Rio levou para o bairro de Copacabana e Leme a operação Rio Mais Seguro, no mesmo modelo das Operações Segurança Presente. No mesmo mês, a Prefeitura de Niterói também se inspirou no programa e levou para o município a Operação Niterói Presente, que já atua em cinco bairros. Uma comitiva do governo de Alagoas veio ao Rio para conhecer o modelo das Operações Segurança Presente e, em janeiro, implantou a Operação Ronda no Bairro, em Maceió.

Colaborou o estagiário Felipe Rebouças

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