Operação é comandada pela Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima - Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Operação é comandada pela Delegacia da Criança e do Adolescente VítimaDaniel Castelo Branco / Agência O Dia
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - A partir da próxima quinta-feira, o Rio passará a contar com mais uma nova especializada. Será a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). Em agosto deste ano, o interventor na segurança pública no estado, general Walter Braga Netto, assinou o decreto, que é de autoria do deputado Átila Nunes (MDB). A nova unidade terá a finalidade principal de investigar ocorrências nos casos de crimes de preconceito racial e de intolerância, assegurando todos os direitos aos cidadãos.

A nova especializada ficará no mesmo prédio da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) e da Delegacia da Criança e Adolescente Vitima (DCAV), na Rua do Lavradio, 155, Lapa. O delegado que ficará à frente da Decradi será Gilbert Stivanello.

A criação da Decradi considerou “as políticas públicas efetivadas pela União e pelo estado do Rio de Janeiro para o enfrentamento de casos de racismo, xenofobia, intolerância religiosa e demais formas de discriminação”, disse parte do decreto.

A Decradi será implantada sem aumento de despesas para a Polícia Civil, principalmente em termos de despesas com pessoal. A unidade ficará subordinada ao Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE) e será inserida no programa Delegacia Legal.

Segundo a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), o Estado do Rio registrou aumento de 56% no número de casos de intolerância religiosa em comparação aos quatros primeiros meses de 2017. "Com a Decradi, toda vítima de intolerância terá a sua queixa registrada com a tipificação penal adequada", afirmou Átila.

O Rio concentra mais da metade das ocorrências de intolerância, seguido por Nova Iguaçu, com 12,5%, e Duque de Caxias, com 5,3%, conforme dados da Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos. A depredação de lugares e imagens é o maior tipo de violência praticada, atingindo 20%, seguido por difamação com 10,8%.

Para o babalaô Ivanir dos Santos, interlocutor da CCIR, a delegacia vai tratar crimes antes negligenciados. A antropóloga Rosiane Rodrigues, da UFF, reforça que a conscientização da população também é essencial. "Enquanto a sociedade brasileira não entender que intolerância religiosa é um crime de ódio, a gente não vai ter uma solução, os crimes não irão diminuir e nem há garantia de que essas ações vão ser julgadas pelo sistema jurídico", afirma.

Segundo Marcio de Jagum, da Coordenadoria de Defesa e Promoção da Liberdade Religiosa, o aumento dos casos podem ter duas motivações: a conscientização da sociedade, que já não banaliza mais os casos de intolerância, e a credibilidade do órgão em lidar com essas situações. Disque Preconceito: (21) 2334-9550.

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