Vídeo divulgado após ação na Unirio, em dezembro de 2018 - Reprodução
Vídeo divulgado após ação na Unirio, em dezembro de 2018Reprodução
Por *LUIZ FRANCO

Rio - Na noite da última segunda-feira, circulou nas redes sociais um vídeo em que um grupo autointitulado "comando de insurgência popular nacionalista", "da grande família integralista brasileira", aparece queimando bandeiras antifascistas, retiradas do campus da Unirio na Rua Voluntários da Pátria, em Botafogo. O campus abriga o Centro de Ciências Jurídicas e Políticas (CCJP), com os cursos de Direito, Ciências Políticas e Administração Pública. As faixas antifascistas dos três cursos aparecem queimadas no vídeo.

As bandeiras estavam nas fachadas dos prédios desde o segundo turno das eleições, quando ações da Justiça Eleitoral que mandaram retirar bandeiras antifascistas foram consideradas arbitrárias pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e diversos cursos, por todo o país, se mobilizaram para colocar bandeiras de repúdio ao fascismo.

Segundo Rafael Figueira, coordenador de movimentos sociais do DCE da Unirio, as bandeiras haviam sido retiradas no dia 30 de novembro. Os alunos acreditaram se tratar de uma medida administrativa da decania, que já tinha avisado que as precisaria retirar por conta de obras no campus. O livro de ocorrências da portaria da faculdade informa, no entanto, que as bandeiras foram levadas por três homens. Um deles teria se apresentado como "subtenente da área" e acompanhado outros dois na ação. O trio teria se aproveitado do momento em que o segurança do campus foi avisar o decano para "puxar as faixas e sair às pressas".

"Grande família integralista brasileira"

O vídeo foi postado originalmente no Facebook e no Twitter e apenas na primeira rede o vídeo foi apagado até o momento. Nas imagens, onze homens brancos encapuzados, com camisas pretas estampadas com a bandeira do Brasil na altura do peito, identificados como parte do "comando de insurgência popular nacionalista, da grande família integralista brasileira", leem uma carta em que reivindicam a "ação revolucionária" e o "ritual de queima de bandeiras".

Atrás deles, há uma bandeira do Brasil e outra do movimento integralista. O grupo também explica suas motivações ideológicas: "Hoje, nossa juventude é ensinada a se insurgir contra a pátria, transformando-os em drogados, em operários do crime, em homossexuais militantes, em ateus materialistas, em escravos do banqueirismo internacional, em pedófilos, em comunistas, criaturas acovardadas desprovidas de amor à vida, ao próximo, às suas famílias e a si mesmos. Nestes termos, estamos reivindicando a ação" (sic). E finalizam: "Viva a pátria nacionalista!".

O integralismo brasileiro foi um movimento nacionalista da década de 1930, com inspirações no fascismo italiano, que teve como destaque o político e escritor paulista Plínio Salgado (1895-1975).

A Unirio informou que já acionou o Ministério Público e a Polícia Federal para que apurem o ocorrido, e aguarda que providências sejam tomadas.

*Estagiário sob supervisão de Thiago Antunes

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