Píer serviria de estação de barcos para transporte de moradores. Foi interditado e deverá ser destruído pela Prefeitura do Rio, segundo coronel
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Píer serviria de estação de barcos para transporte de moradores. Foi interditado e deverá ser destruído pela Prefeitura do Rio, segundo coronel Divulgação
Por WILSON AQUINO

Rio - Navegar é preciso. Mas no caso da milícia que controla boa parte da Barra e Jacarepaguá, temer a repressão das autoridades não é preciso. Ontem, policiais do Comando de Polícia Ambiental (CPAm) encontraram, em Rio das Pedras, um píer construído por milicianos que exploram o transporte aquaviário naquela região da Zona Oeste.

O deck funcionava como a estação das balsas de Rio das Pedras. Era lá que os moradores da área embarcavam rumo às áreas nobres da Barra da Tijuca, incluindo as Ilhas Primeiro e da Gigóia, e às comunidades do Itanhangá. O coronel Jorge Pimenta, comandante do CPAm, não soube informar quanto a milícia cobrava pela passagem. "Nós não flagramos o transporte sendo feito", explicou o oficial.

A aposta na impunidade e do lucro era tanta, que os milicianos investiram R$ 3 milhões na construção do píer. A obra impressiona: é um deck que se assemelha a uma passarela flutuando sobre as águas do Canal de Marapendi. O píer é suportado por largas estacas e pilares. O coronel Pimenta disse que o píer foi interditado e ressaltou que "a Prefeitura do Rio foi comunicada e cabe à ela demolir a estrutura". O comandante do CPAm disse ainda que compete à Capitania dos Portos fiscalizar o transporte aquaviário.{'nm_midia_inter_thumb1':'https://odia.ig.com.br/_midias/jpg/https://odia.ig.com.br/_midias/jpg/2018/12/12/120x80/1_milicia-8982697.jpeg', 'id_midia_tipo':'2', 'id_tetag_galer':'', 'id_midia':'5c1174afa695a', 'cd_midia':8982710, 'ds_midia_link': 'https://odia.ig.com.br/_midias/jpg/2018/12/12/700x470/1_milicia-8982697.jpeg', 'ds_midia': 'Durante operação, policiais encontraram diversos operários em ação
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Porém, a estrutura aquática não foi a única obra da milícia encontrada pelos policiais do CPAm. Em terra, os ousados empreendimentos dos milicianos foram classificados pela polícia como "vertiginosos". Em Rio das Pedras e no bairro do Anil, policiais se depararam com prédios de luxo em construção, alguns com até seis andares, além de edifícios de bom padrão técnico já concluídos. Aparentemente, não havia nada de ilegal nos canteiros, já que havia placas com os nomes de engenheiros responsáveis pelas obras, corretores de imóveis de plantão oferecendo apartamentos de diversos valores e condições de pagamento, inclusive com projeção de taxas de condomínio.

No entanto, as construções clandestinas não tinham infraestrutura básica, como ligação regular de esgoto, que seriam lançados em rios e na Lagoa da Barra, com potencial altamente poluidor das águas. Também foram flagradas construções ilegais em Área de Amortecimento do Parque Nacional da Floresta da Tijuca. Cinquenta pessoas, entre engenheiros, corretores e operários, foram levadas para a delegacia por crimes ambientais e construção irregular.

Combate implacável contra milícia

No que depender do coronel Jorge Pimenta, do Comando de Polícia Ambiental, o combate à milícia será implacável. "Os milicianos cometem homicídios, extorsão, oprimem moradores das comunidade, destroem recursos minerais. E o pior: com a participação de agentes públicos", reclama o militar.

Prédios em construção não tinha infraestrutura básica legal - Divulgação

Em dois meses, foi a terceira operação do CPAm na região da Barra, Itanhangá e Jacarepaguá. A unidade de elite da PM é parceira do Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente (GAEMA) do Ministério Público do Estado do Rio, que tem atuado regularmente no combate aos bandidos através de operações sistemáticas de repressão às atividades econômicas criminosas praticadas em áreas sob a influência de grupos paramilitares.

Nas outras ações, os policias também interditaram construções de prédios da milícia, além de desativarem depósitos clandestinos de venda de gás e fábricas de gelo ilegais, entre outros crimes.

 

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